Arquivo da categoria: Meia Maratona

Um pouco mais sobre como os 5km nos ajudam nos 42km

Os maiores corredores de longa distância da história fazem uma progressão natural de distâncias mais curtas até chegar na maratona. Nurmi, Zátopek, Mimoun, Clarke, Viren, Lopes, Tergat, Gebrelassie, Bekele, Kipchoge

Mas por algum motivo o amador ou desconhece isso (mais provável) ou acredita que a ideia de ir direto aos 5km é um movimento mais esperto do que fizeram os melhores do mundo (possibilidade não descartável).

Tenho feito recorrentemente um paralelo com a academia (musculação). É mais fácil alguém que faça 200kg no supino fazer muitas e muitas repetições com o conjunto da barra pesando 50kg do que alguém treinando com 50kg levantar 200kg poucas vezes. A força é um limitante ao velocista na mesma maneira que a velocidade é um limitador ao fundista.

Ou seja, é muito mais fácil correr devagar por mais tempo do que tentar atingir velocidades não trabalhadas. Por isso quando observamos a elite os atletas migram para provas mais longas, nunca o contrário.

Além disso, o corredor fica mais versátil porque ele trabalha mais valências físicas não trabalhadas quando treinamos para correr 42km.

Uma coisa que fiz questão durante a pandemia, ainda mais no princípio quando as pessoas tinham temor de passar muito tempo na rua, foi concentrar os treinos. Fazê-los enxutos e, para isso, mais intensos.

A pessoa trabalha força (específica), velocidade (específica), marcadores aeróbios como a potência (menos trabalhados e/ou negligenciados em treinos longos) sem sobrecarregar mecanicamente em demasiado o corpo. Como treinador não consigo ver desvantagem!

O que o amador precisa ver é que ele tem muito mais a ganhar em provas curtas, ficando mais versátil, do que ir direto se concentrando em provas longas. Tudo bem gostar de maratonas! Mas mais do que gostar, é preciso treinar com inteligência! No curto prazo. Mas também no médio e no longo. Se arrisque nos 5km treinando direito e verá como todas as demais provas melhoram! Não é uma teoria minha, é a prática feita pelos melhores do mundo!

O que os melhores da história ensinam sobre 42km e 5km?

Você sabe o que atletas como Paavo NurmiEmil ZátopekRon ClarkeHaile Gebrselassie, e Kenenisa Bekele têm em comum, além de estarem em qualquer lista de os 10 maiores da história?

Todos estabeleceram recordes mundiais nos 5000m. Sabe o que mais? Todos se arriscaram na maratona com êxito apenas depois disso. Nenhum deles fez o caminho oposto. Aliás, baseado na memória, eu desconheço algum nome que tenha justamente feito o oposto (êxito primeiro nos 42km e depois nos 5km).

Mesmo o atual recordista mundial, Eliud Kipchoge, foi campeão mundial dos 5000m em 2003, muito antes de a Maratona lhe dar fama mundial. Outro ícone da distância clássica, Abebe Bikila, chegou à seleção por causa de seu desempenho em provas curtas e em um lance do destino acabou correndo a maratona olímpica batendo o recorde mundial em Roma (1960).

Não é assim um pouco de arrogância ou ingenuidade acharmos que nós temos algo a ensinar a esses caras?

Essa migração não parece ser fruto de coincidência, mas algo esperado, ou seja, há lógica e explicação. Uma simples seria: é mais viável um atleta tendo desenvolvido sua velocidade ir trabalhando velocidades mais baixas por tempos maiores.

Ou ainda: ganhar posteriormente resistência é muito mais natural do que ganhar velocidade. Por isso você não observa bons atletas “caindo” de prova, apenas “subindo”. É a ordem natural das coisas. Apenas quando desenvolvemos algumas valências físicas estaríamos prontos a trabalhar outras em sua plenitude. Pular etapas faz com que não nos desenvolvamos plenamente, nunca assim atingindo nossas reais possibilidades.

E quem quer isso?? Ninguém treina sabendo que escolheu propositadamente o caminho errado. Não faz sentido.

Quer melhorar sua maratona ou mesmo sua meia maratona e seus 10km? Pois o caminho que parece menos lógico (fugir da especialização) é talvez a lição que os maiores da história estão há décadas tentando nos contar! Não seria melhor ouvi-los?

Essa história continua!

Top 25 marcas do atletismo Brasileiro (Feminino)

Usando as fórmulas de cálculo da World Athletics (ex-IAAF) fiz um ranking de marcas. Nelas entram apenas uma atleta por prova (indoor ou outdoor) excluindo-se os revezamentos.

O teto é 1400 pontos. Eu ainda normalizei as marcas de salto e velocidade em função do vento e da altitude da cidade em questão. Por isso umas marcas mais fortes nos 100m e 200m, por exemplo, ficam atrás de outras.

Por fim, vale destacar que (nessa ordem) Luciana Mendes, Keila Costa, Vitória Cristina, Maria Magnólia Figueiredo e Ana Claudia Lemos são as que aparecem duas vezes no ranking. E apenas Maurren Higa Maggi que, além de líder, aparece três vezes.

Amanhã eu trago o masculino.

 

 

Etiquetado , , ,

O que Tanjal nos ensina sobre treino de Maratona?

Renato Canova (que homem!) bate na tecla que maratonista bem treinado deve ser capaz de produzir QUALIDADE. Peter Coe, pai e treinador de Sebastian, deve ter levado o filho a dizer: “treinos longos e lentos produzem corredores lentos”. Canova (que homem!) pensa parecido, que correr muito e lento, AINDA QUE combinado com tiros curtos e rápidos, NÃO produz a POSSIBILIDADE de correr rápido.

A arte do treino de Maratona parece estar na dose, na modulação CORRETA entre alta intensidade e recuperação. Já escrevi antes: corredor deve MERECER o treino. O Longão NÃO deveria ter mais que 1/3 do volume semanal e deveria provavelmente GIRAR na casa de 20-25%! É uma ginástica fazer caber! Isso porque Maratona é a ÚNICA prova cujo objetivo MAIOR dos rápidos (guarde isso!) é reduzir o consumo de combustível para que dure mais tempo. Porém, amadores (98% lentos!) querem longões (>25km) antes dos 42km.

 

Mas… e o TANJAL!? Onde entra?

Tanjal é aquele suco concentrado horroroso de lata vendido quase em qualquer lugar. É RUIM tomá-lo direto puro, mas é possível bebê-lo diluído em água. Mesmo a elite NÃO corre mais que 25km em ritmo de Maratona! Porque isso traz ENORME desgaste! O fazem então a cada 2 semanas! Lembremos que esses caras são especiais e MUITOS tomam “coisas”!

A briga com amador é então eles quererem sempre fazer mais quilômetros SACRIFICANDO a qualidade que Renato-que-homem-Canova tanto defende! Tenho claro pra mim que 18km (cedo) seguidos de 10km (de tarde/noite) é MUITO superior a 28km porque assim possibilita MANTER a qualidade do treinamento.

Vivo num cabo-de-guerra com aluno porque muitos querem longos em ritmo de prova quando nem PRÓS fazem assim! MESMO alguns “tomando coisas” que os fazem aguentar maiores cargas, eles NÃO aguentam! Uma das maiores da história, por exemplo, treinava 86% do tempo ABAIXO do ritmo de Maratona! Ela FAZIA POR MERECER longos de 25km de ritmo! É o Tanjal! Ela diluía a intensidade de seu treinamento correndo MUITO volume.

Quando vc faz longos e lentos Longões (“pra ganhar confiança”), nas palavras de Canova-que-homem, você NÃO trabalha a resistência específica porque lhe faltará qualidade!

Exemplos de SUPER treinos em ritmo de 42km: 3x7km, 4x6km, 5x4km, 6x3km e 10x1km sempre descansando 1km correndo 10-15seg “mais leve”. Para durar MAIS em ritmo de prova você precisa correr MAIS tempo no ritmo dela, não apenas correr mais SACRIFICANDO a intensidade (qualidade)!

Eu daria TUDO pra saber disso 20 anos atrás…

Etiquetado , , ,

Os maiores eventos de Corrida de Rua do Brasil – 2019.

Para encerrar a série dos dados das provas brasileiras em 2019, publico agora os maiores eventos de corrida do país em 2019. Nas últimas semanas publiquei os dados das Maratonas e maratonistas brasileiros, os números das Meias Maratonas do Brasil e quais são as 50 Maiores Corridas de Rua do Brasil.

Não é surpresa a liderança de nossa corrida mais tradicional. A São Silvestre muito provavelmente apenas em 2 dos seus mais de 90 anos de existência perdeu esse título (uma vez para a Maratona Pão de Açúcar de Revezamento e outra para a extinta Nike 10K Human Race nos anos 2000).

Nesta lista vão apenas os eventos que somam mais de 10.000 concluintes somadas todas as distâncias em suas provas paralelas. Em 2015 esses eventos eram 9 e agora chega a um teto histórico de 16 (*em 2016 e 2018 chegaram a 11).

Desses 16 eventos, 4 são de maioria feminina, apenas 2 ficam fora do eixo Rio-SP (Santos e BH), 3 são em distâncias únicas (São Silvestre, 10km Tribuna FM e Volta da Pampulha) e nenhum é noturno.

Veja a lista completa na imagem abaixo ou clique aqui!

Etiquetado , , , , , , ,

As 50 Maiores Corridas de Rua do Brasil – ANUÁRIO 2019

O Recorrido publica com exclusividade (aqui completo) os dados das 50 Maiores Corridas de Rua do Brasil em 2019. Como sempre vem sendo este é um levantamento único no nosso mercado e busca principalmente dar números, apontar em quais cidades acontecem, quais são as distâncias mais procuradas e de maior sucesso, além de listar quais são as nossas maiores corridas de rua do país.

Comparando com 2018, temos:

– Das 50 provas 12 entram na lista (8 delas pela primeira vez desde 2014, ano do primeiro levantamento);

– O número de concluintes aumentou 6% (333.000);

– As provas de 5km continuam sendo as mais frequentes na lista;

– Mulheres são maioria em 25 das provas sendo que 5 dessas são exclusivamente femininas.

Já a localização destas provas mostra-se bem concentrada. 26 em São Paulo e 14 no Rio de Janeiro. Apenas essas duas, Belo Horizonte e Brasília são locais de mais de uma prova.

Nenhuma fica na Região Norte e somente Santos (SP) e Maringá (PR) fora das capitais.

Outra característica é notar que 3 organizadoras possuem a absoluta maioria das 50 corridas! E das 6 maiores, todas já foram exibidas ao vivo na TV, mostrando a força desse fator em determinar o sucesso de um evento.

Para ver todos os números, fica aqui o convite para você ver o infográfico das 50 Maiores Corridas do Brasil – Anuário 2019!

Etiquetado , , , , , , , ,

Os números das Meias Maratonas (Brasil) – ANUÁRIO 2019

Publico hoje o relatório anual com os números das MEIAS MARATONAS brasileiras e o perfil do meio-maratonista brasileiro. Como vem sendo desde 2011, este é um levantamento único e exclusivo no nosso mercado (aqui você tem ele completo) e busca principalmente colocar um pouco de luz dando números em uma das provas preferidas dos corredores amadores.

No ano de 2019 que se passou podemos destacar:

– Um número recorde de concluintes (pouco mais de 168.000, aumento de 4%);

– Um número recorde de provas (191);

– A participação feminina foi recorde (32,8%).

Das 11 maiores provas, 10 estão no eixo Rio-SP.

A Meia Maratona Internacional de Belo Horizonte (10ª) é a maior fora do eixo.

A Meia de Porto Alegre (11ª) é a maior da região Sul.

A Run City Brasília (13ª) é a maior do Centro Oeste.

A Meia Maratona do Sol (16ª) em Natal é a maior do Nordeste.

A Meia Maratona do Circuito OAB de Belém é a maior no Norte (34ª).

Já a Meia Maratona das Cataratas do Iguaçú (22ª) é a maior fora das capitais.

 

Para quem acha que é fácil ganhar dinheiro organizando provas de 21km, vale lembrar que nenhuma prova apenas cresceu no período 2011-2019. E das 15 maiores, somente 4 não têm outras distâncias correndo em paralelo, o que mostra como é difícil organizar provas muito rentáveis nessa distância.

A velocidade mediana do meio maratonista brasileiro hoje está em 2h18 (~6´32″/km) entre as mulheres e 2h01 (~5´47″/km) entre os homens. O que isso significa? Que se você, homem ou mulher, corre ao menos 1 segundo mais rápido que essas marcas, você chega à frente da metade (50%) de todos os demais corredores brasileiros.

Ainda falando em velocidade, se você busca uma boa marca, talvez devesse dar uma chance à Meia Maratona Internacional Caixa de Florianópolis, à Internacional de Floripa (junto da Maratona), à Meia de Curitiba, à Golden Run SP e à Seven Run (SP), as mais rápidas do país.

Para esses e maiores detalhes, entre e confira o exclusivo infográfico com o anuário das Meias Maratonas Brasileiras 2019.

Etiquetado , , , ,

Coenzima Q10 (CoQ10)

Acabei 4a feira outro experimento pessoal. Como sempre faço com essas papagaiadas que aparecem na corrida, terminei um período de 60 dias de suplementação com a CoQ10, a Coenzima Q10, uma das preferidas dos atuais “vendedores”.

Por que faço isso?

No começo, em meus tempos mais ingênuos, eu fazia porque acreditava. Foi ainda em 1997 que usei um tempo BCAA. Ex-professores, que não correm, não dão treino nem trabalham com corrida, apenas vendem para corredores, falavam de seus (supostos) benefícios. Então comprei (por isso ninguém tem que ter vergonha quando for enganado. Você só precisa rever por que você QUER SER enganado).

Eles ainda vivem de vender essas coisas. Deve ser duro 20 anos buscando evidências sem sucesso que não seja comissão…

Pra quem já usou palmilha de silicone, multivitamínico e até recovery pós-treino, 60 dias de Q-10 era fácil. Então comprei.

Comprei porque é mais honesto. 2 ou 3 telefonemas e teria amostras em casa (vez ou outra um desavisado me oferece “parceria” de suplemento… Ninguém elogia isso em rede social de graça!).

Primeiro efeito colateral: estou R$75 mais pobre. Único benefício observado: estou livre da ideia de que CoQ10 sirva pra algo na corrida.

Tem gente muito boa que acompanho que usa esse suplemento. Pedem que seus clientes (NÃO-corredores!) usem algumas semanas quando estão em transição de uma dieta “junk” para uma dieta low-carb.

Alguma intenção de desempenho? Não! Para evitar fadiga mitocondrial, buscando melhora de disposição e cognição nessa mudança de dieta.

Não há lógica para o desempenho. Dá um alívio ouvir isso dos 2!

Etiquetado , ,