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O que herdeiro nigeriano nos ensina sobre dicas de blogueira e mailing de trouxas

Qualquer um que tem e-mail já recebeu e-mail de um príncipe nigeriano perseguido buscando ajuda pra sacar uma herança de milionária. Ele escreve a um desconhecido (eu! você! nós!!) e promete dividir tudo.

Se repararem o e-mail é tosco. Burrice do golpista? NÃO! É proposital. A lógica é genial! Ele dispara o e-mail milhões de vezes e por ser tosco serve como um filtro! Apenas os muito ingênuos seguem lendo APESAR dos erros! Ou seja, os erros PROPOSITAIS fazem com que ele atinja o público-alvo dele! Ingênuos (trouxas?).

Um tempo atrás o The Guardian desbaratou uma empresa que vendia um mailing de trouxas. Funciona assim: você comprava uma base de e-mails com milhares de trouxas cadastrados. Estou falando sério! Mas isso não é novidade!

O MARKETING DE FABRICANTES DE TÊNIS

Quando você não paga pelo produto, VOCÊ é o produto”.

Tenho certo orgulho de estar sempre 98% por fora do que acontece no mercado de corrida (mas não de treinamento). Isso porque de certa forma quer dizer que eu NÃO estou no mailing de trouxas.

Funciona assim. Você cria um produto. Inventa uma mentira qualquer sobre ele. Que ele foi feito em laboratório pra quem tem a cadência X, a amplitude Y, o ritmo/pace Z. Obviamente que é tão mentira quanto o príncipe querer te dar dinheiro.

Pra quem você consegue vender? Pra ingênuos (trouxas?). E onde encontro trouxas? Nos mailings que – ACREDITE! – já existem. Qualquer marca sabe que existem! Onde??

As marcas sabem que alguns influenciadores adubam uma horta de ingênuos (trouxas?). Pra esses você consegue empurrar qualquer coisa usando uns gatilhos (“tecnologia”, “feito pra você”, “responsivo”…)!

Você pode até não saber, mas quando você segue algumas pessoas, VOCÊ é o produto (trouxa?). Você pode até não ser trouxa (falo MUITO sério!!), mas ainda que não goste é assim que a marca esportiva te vê. Você talvez só não saiba!

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BIOMECÂNICA vs TREINAMENTO

OU AINDA: é possível “ensinar” um guepardo a correr mais rápido melhorando sua técnica?

Muitos anos atrás me apaixonei pela história do cavalo Seabiscuit. E tempos atrás mergulhei no mundo das corridas de cachorro para escrever meu livro O Veterinário Clandestino. Ambos os mundos conseguem uma proeza: fazer animais incríveis correrem ainda mais rápido.

Como? Treinando suas CAPACIDADES. Cavalos e cães não fazem educativos. O que sobra é melhorar suas valências (níveis de força e resistência, por exemplo). Você nunca verá cavalos na academia nem cães fazendo educativos de corrida. Ok, não são racionais como nós humanos.

Será que poderíamos fazer o guepardo, o animal mais rápido do mundo, correr ainda mais? Sim! Com certeza! E se ele fosse racional como o Haroldo amigo do Calvin? Poderíamos dizer COMO ele deveria correr para ser mais rápido?

Fiz um vídeo dias atrás porque me perguntaram o que achava do enfoque na biomecânica. O que vejo que muito amador não percebe é que o PADRÃO biomecânico de uma pessoa REFLETE, é uma expressão de suas capacidades físicas, enquanto muita gente entende a biomecânica como sendo CAUSA da corrida.

Como “melhorar” alguém tecnicamente/biomecanicamente se à medida que a força, resistência e potência aumentam sua biomecânica TAMBÉM muda, uma vez que ela é a expressão dos anteriores?

Esse é (mais) um dos motivos pelos quais interfiro ZERO na mecânica de meus atletas. Ao treinar suas CAPACIDADES, elas se refletirão no novo padrão de corrida da pessoa. Duvida? Venha em janeiro em um treino meu, filme meus atletas e volte em maio! E verá como mudarão sem fazer UM exercício educativo sequer! Como isso é possível?

Eu tento olhar o padrão de corrida como indicador de CAPACIDADE que faltam ser treinadas. E apenas querer ou falar (faça isso, pise assim) POUCO ou NADA muda. Para você fazer o fadeaway do Jordan ou enterrar como LeBron, não basta educativos. Você precisa ter capacidades físicas mínimas e brutas, além de praticar o gesto POR COMPLETO. Focar primeiro em ângulos não te levará a lugar nenhum. E DENTRO do gesto completo seu corpo encontrará as alternativas mais adequadas de ajuste.

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E se houvesse um teste-cego de tênis?

Quando escrevi meu primeiro livro sobre corrida, O TREINADOR CLANDESTINO, um dos capítulos tratava sobre tênis e prevenção de lesões e nele apontei 2 levantamentos que mostravam relação de associação de maior satisfação e de menos lesões com tênis mais BARATOS. Você leu certo, quanto mais barato, MELHOR.

Quando ainda trabalhava na adidas eu comentava que o ideal era um teste cego com pessoas correndo com o mesmo modelo (sem que obviamente soubessem disso). 

E não é que o estudo foi feito?? Não por uma marca, lógico! Elas já imaginam o resultado!

Eu falo que as fabricantes imaginam porque não passa um dia sequer sem que eu me reforce da ideia de que entre os inúmeros tipos de clientes, há 2 que acabam sendo atendidos pelo mercado: 

1. OS TOLOS. Mas a marca dificilmente tenta falar com esse. Empresa picareta é que tenta fazer isso. Fabricantes vendem pra esses, mas não tentam conversar muito com ele.

2. OS QUE QUEREM SER ENGANADOS. Esses criam uma demanda enorme no mercado de corrida. São a maioria! 

 

Veja bem, existem outros tipos de clientes, ok?!

O estudo deu aos corredores 2 tênis iguais, pedindo ao “atleta” (corredor gosta de ser chamado de atleta) e pedia para comparar o conforto. Um tênis custava U$50 e outro era um lançamento “desenhado para maximizar o conforto” custando U$150. Qual você acha após o teste drive que era eleito mais confortável? O caro, certo?

O problema era: sem saber o “atleta” havia testado o mesmo tênis! 

A precificação de tênis atende a um desejo do mercado. Você cobra caro porque o atleta QUER pagar caro. Eu falo isso há um bom tempo. Ele reclama em público, mas o tênis é antes de tudo um SINALIZADOR SOCIAL.

 

p.s.: um bom tempo atrás escrevi uma série nesse tema….

p.s.2: Effects of deceptive footwear condition on subjective comfort and running biomechanics (CHAN & CHEUNG et al) 

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O Trials (EUA) e o mercado dos rápidos

Gosto de olhar para a seletiva americana na Maratona (Trials) nos EUA como um espelho do mercado dentre os que gostam de correr rápido por alguns motivos. Pela característica dele, juntando cerca de 700 corredores, em vez de olhar para o pódio de majors, diluímos assim o efeito dos atletas patrocinados no perfil dos tênis mais escolhidos. Por exemplo, dentre os 6 que se classificaram pros Jogos, temos 2 que não tinham contrato com marcas! Na turma que vem atrás, temos ainda centenas de outros que têm que arcar ($) com o próprio tênis.

Vamos à imagem 1, tirada do Twitter. Um perfil fez uma contagem por equipe similar à que se usa no cross-country, somando a posição dos 3 melhores de cada “equipe” (marca esportiva) e o menor número assim ganha. No masculino nenhuma surpresa na liderança, Nike. Mas em 2o? Aquela marca que mais rápido lançou seu modelo com placa de carbono, a Hoka.

Quais outros destaques? adidas lá atrás (4o). ASICS? UM único atleta resolveu correr de ASICS, marca que já foi líder anos atrás no maior mercado do mundo, o americano. Brooks? Saucony? New Balance? Marcas MUITO fortes nos EUA não emplacam por aqui. Eu tenho minha explicação-chute, o Rodrigo Carneiro da Velocità sempre discorda dela.

No feminino fica interessante! Hoka à frente da Nike! Ex-líder ASICS? Gigante adidas? Lá atrás (5o e 7o, respectivamente).

Na imagem 2 desse post (que não sei a origem, por isso vai sem créditos, mas peguei foi com o Rodrigo Roehniss) temos os tênis por MODELO. Lembro que a Nike ofereceu gratuitamente o Alphafly, então é natural que houvesse tantos na prova, POR ISSO que acho a combinação desses levantamentos relevante… ele agrega um conjunto de quase 700 atletas MUITO rápido, MUITOS deles SEM patrocínio levando ainda em consideração a classificação final (ranking por “equipes”).

Não me espantou Nike como líder. Me espantou a Hoka (ágil na resposta ao mercado) e como marcas antes tão usadas ficaram TÃO pra trás tão rapidamente.

Por último, mas não menos importante, antes de você sair correndo pra imitar o tênis que as mulheres usam pra ver se corre mais rápido, talvez valha dar uma passada na imagem 3 e ver o volume SEMANAL de treino delas! Essa parece ser a real explicação, mas duvido que os amadores tirarão essa conclusão. Até porque os amadores não querem enxergar isso!

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CHEATFLY modelo 1957. Ou ainda: os Magic Shoes russos.

O MONSTRO treinador PJ Vazel nos trouxe a história dos primeiros CheatFLys do atletismo. Vou recapitular resumidamente… o saltador em altura Yuri Stepanov (ex-URSS) passou a usar por conta em seus últimos saltos nas competições um tênis que teria entressola de 4-5cm, ou seja, igual a aberração usada em Viena ano passado.

Resultado? Stepanov era agora capaz de bater o recorde mundial (WR) e quebrar a hegemonia americana de quase meio século (!!) na prova. Obviamente não foi só isso (SEMPRE que se toca no assunto asnos correm nos comentários escrevendo ainda em 4 apoios: “bate lá então vc o recorde do Kipchoge“).

Os soviéticos haviam mudado a ABORDAGEM da prova. Passaram acelerar na aproximação ao sarrafo (americanos aceleravam apenas nos 3 passos finais, soviéticos passaram a fazer toda a corrida em sprint). Tem mais, a ex-URSS fazia seus atletas fazerem então MUITO treino de força (acredite, saltadores fazem MUITO treino de força, eles não saltam daquele jeito porque fazem educativos…).

A imagem do post não é de Stepanov, mas de seu adversário Ernie Shelton (EUA) que criou uma sapatilha “armadilha de urso” para poder competir em pés de igualdade. O resultado? Americanos e agora alemães começaram a usar tamancos cada vez maiores. Com o WR quebrado e humilhado a IAAF teve que se mexer (novamente lenta). MANTEVE o WR com auxílio de tênis e estabeleceu que não mais que 13mm (meia polegada) eram permitido entre os pés e a pista. Pronto! Simples, não?!

Mais duas consequências. Stepanov CONTINUOU a competir e a ganhar, mas sem as mesmas marcas e acabou tragicamente cometendo suicídio aos 31 anos em 1963.

O WR do salto e altura CONTINUOU a subir MESMO sem os CheatFlys! Mas a IAAF viu que precisava proteger seu próprio esporte porque NADA impedia alguém de saltar com perna de pau assim como não há atualmente NADA que impeça você de usar rodinhas ou patins.

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O corredor quer antes de tudo ser enganado

Ainda sobre o “Future Babble” de Dan Gardner eu conversava com um treinador. Será que as picaretagens são fruto de mau caratismo ou de ignorância? Como tudo na vida, a resposta parece residir em um ponto entre os 2. Eu oriento um corredor que caiu no conto desses centros pra fizer avaliação biomecânica. Foi uma piada de mau gosto. A pessoa que avalia sabia tanto de corrida quanto eu de saltos ornamentais. Sou Bacharel em Esporte, sou HABILITADO a dar treinos de saltos, mas só um imbecil me daria emprego técnico relevante na área.

Nem sei se quem avaliou era educador físico ou fisioterapeuta, mas sei que entendo tanto de hipismo quanto ele de corrida. Eu adiantei a ele o passo-a-passo do circo: feito em esteira, elegantemente vestido, protocolo nonsense

Gardner defende que esses profissionais REALMENTE acreditam no que falam. Eles REALMENTE acham que têm controle. É a ILUSÃO do controle, é o equívoco de tomar um sistema complexo por suas partes.

Há ainda um motivo menos nobre. “É difícil fazer um homem compreender algo quando seu salário depende, acima de tudo, que não o compreenda” (Upton Sinclair). Quando um leitor disse que fez sessões de Treinamento de Biomecânica de Corrida (novamente peço que ele não se ofenda, já me ENGANARAM de jeito pior) nem acho que a pessoa o “treinava” de má fé. Era um VENDEDOR que acredita naquilo. Como ele NUNCA deu treino, vende baseado na FÉ.

O mesmo treinador me listou outras picaretagens… boné com condicionador de ar , palmilha com fibra de carbono, máscara que simula altitude. Tem mais! Tem ainda suco de beterraba, whey protein isolado. Tem a palatinose, a Coenzima Q10 e o colágeno. Só quem é VENDEDOR ou nunca estudou bioquímica na vida pra defender esses 3.

Para haver o esperto, tem que antes haver o tolo (e eu já fui várias vezes, não se ofenda! Tive aula por ANOS com vários!). Correr é duro, dói, cansa, machuca e é aborrecido. Então SEMPRE haverá os que vendem atalhos e SEMPRE haverá quem QUER PAGAR por atalhos. É um terreno fértil a vendedores. E quem não gosta de dinheiro? Até eu que sou mais bobo, gosto!

E quem comprar fará o Chaves gritar: MAIS UMA PESSOA ENGANADA!

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“Input”, “Output”, Calorias, Cadência & McNamara

Num treino um atleta me mostrava os recursos do GPS novo. Outro atleta comentou: as pessoas não entendem que esses números são legais, mas eles são apenas “output” (saída), não “input” (entrada).

NUNCA tinha pensado nisso, ainda que viva explicando que Cadência é CONSEQUÊNCIA de fatores da corrida, não causa! O mesmo vale às calorias. Elas valem TÃO POUCO no emagrecimento que não surpreende que Nutrição seja um enorme fracasso ao assumir consumo calórico como causa e não consequência da dieta.

Acabei dia desses um livro recomendado por um grande amigo. Em “Future Babble” o autor Dan Gardner nos mostra como “especialistas” tentam usar todo tipo de dados pra prever desfechos. É ÓBVIO que erram com enorme talento.

Isso porque confundem DADOS com INFORMAÇÃO. Robert McNamara era um dos homens mais importantes dos EUA nos anos 60. Era um gênio, mas talvez JUSTAMENTE sua genialidade tenha dado seu nome a um termo nada lisonjeador. A Falácia de McNamara se refere ao equívoco de se tomar decisões baseadas apenas em observações (ou métricas) quantitativas, ignorando outras mais importantes.

Sempre que ouço as pessoas falando de valores de cadência, oscilação vertical, VO2máx, FC, acho que estou ficando louco. Corolário #1: DADO NÃO É INFORMAÇÃO.

“EU RECONHEÇO UM GORDO QUANDO EU VEJO”

Um dos caras que mais gosto soltou essa frase qdo questionado sobre o que define alguém com sobrepeso. Ele não precisa de IMC (lixo), dobras cutâneas (menos lixo) ou bioimpedância (um circo). Quando uma pessoa passa à minha frente correndo EU SEI QUE ELA ESTÁ CORRENDO. E assim chegamos ao Corolário #2: se seu treinador precisa de dados de cadência, oscilação vertical, etc., tenha cuidado! Ele te enxerga como um agregado de coxa, quadril, pés. Ele te divide! Porém, corrida é JUSTAMENTE uma junção HARMONIOSA de tudo isso de forma que varia individualmente.

Eu NÃO tenho aversão a dados (ainda que não faça IDEIA da cadência, oscilação e FC de NENHUM dos meus atletas)! Sou meio obcecado é com controle de ritmo, por exemplo. A diferença é que ninguém em sã consciência pede que alguém faça um ritmo X na prova, isso porque você apenas SABE que isso é CONSEQUÊNCIA.

 

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O que Londres nos ensina sobre CADÊNCIA?

Tenho fascínio sobre a 2a Guerra Mundial. Adoro números. Eu seria “presa fácil” pela ilusão da cadência, mas esse canto não me encanta. Nós cometemos o erro de confundir dados com informação. Acredite, não são nem de longe a mesma coisa!

O ser humano tem uma característica MUITO intrínseca de tentar enxergar padrões em tudo. Mesmo onde não existe! Mais de 30 anos atrás um dos maiores treinadores da história descobriu que os maiores atletas do mundo tinham uma cadência MÉDIA de 180 passos por minuto. Essa informação ficou ignorada por outras década (afinal, contar passos é chato) até os gadgets atuais trazerem instantaneamente. Uma vez que você pagou caro por ele, você acha que tem que usar aquilo que ele oferece. Mesmo que, reforço, dado não seja informação.

Eu disse linhas atrás que o ser humano tenta enxergar padrões em tudo. O problema é que ele faz isso mesmo onde não existe!

Durante a 2a Guerra Londres foi bombardeada pelos alemães. As pessoas olhavam os mapas dos locais atingidos e enxergavam nos mísseis V-1 e V-2 uma precisão que eles não tinham. Especulavam que os alemães atingiam propositadamente a região do rio Tâmisa, assim como bairros operários a noroeste para tirar a moral da população trabalhadora. Assim como as partes NÃO atingidas seriam moradia de alemães espiões.

Nossa busca por padrões é TÃO grande que não aceitávamos que aquilo tudo era resultado do acaso, da ALEATORIEDADE. Você ter os DADOS dos locais destruídos NÃO gerava INFORMAÇÃO porque… aleatório.

A CADÊNCIA É ALEATÓRIA?

NÃO. Mas ela NÃO é informação, é um dado RESULTANTE dos níveis de força, somatotipo, tempo de esforço, mobilidade (quadril e tornozelo, principalmente), fadiga e altura do quadril. Uma resultante da qual temo MUITO POUCO controle.

 

CADÊNCIA NÃO É CAUSA, É CONSEQUÊNCIA DE UM FENÔMENO.

Os tolos tiram conclusões que ela não nos dá. E mexer nela é uma das estratégias MAIS ESTÚPIDAS que um treinador pode ter. Ele mexe assim com o imprevisível e não reconhece sua própria ignorância. É ingenuidade. É burrice.

 p.s.: na segunda foto (abaixo) vai a cadência do Mundial de 100km. Encontre um padrão… tente!

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