Leituras do Carnaval

Uma das maiores armadilhas da corrida é o de nos compararmos (com amigos, com nós mesmos, com desconhecidos…). O que faz da corrida tão estudada é essa sua quantificação fácil e feita há décadas. É também um perigo. Aqui um texto lúcido e incrível da Sarah Hall, uma profissional uma das melhores no mundo, que teve que lutar muito contra esse equívoco.

Auto-jabá: O Mayco do Canal Corredores, um dos maiores canais de corrida no YouTube, me chamou para falar sobre Mitos na Nutrição (voltada a corredores). Foi tão natural que o bate papo ficou bacana! Veja aqui!

Em tom claramente irônico (e ácido e hilário), mas que você acha inúmeros exemplos em qualquer grupo de corrida, o Igor Oliveira contou o que um amador fictício que não enxerga o que realmente importa faz para correr “melhor”.

Off-topic: nos anos 80 e 90 nem todos os corredores ganhavam medalhas em uma corrida. Elas eram limitadas, por exemplo, 300 em uma prova com mais de 400 ou 500 pessoas. O mesmo valia para camisetas. Eu confesso que não tenho opinião formada à questão das medalhas, mas o mercado se adaptou e ofereceu aquilo que o cliente que paga pelo evento quer (medalha a todos e cada vez maiores e mais pesadas). As medalhas pelas quais que tenho mais carinho não são as mais bonitas, são aquelas conquistadas. Mas esse sou eu. Acredito que no Brasil o único evento que ainda faz algo similar, distinguindo medalha por posição, seja as Golden Run e as Run City. É algo que dá trabalho, mas custa bem pouco. Ia ser bem-vindo se a prática se espalhasse. Falei tudo isso porque cheguei a um texto (antigo) que questiona se em crianças medalhar a todos os mimariam ou seria muito cruel não as oferecer.

Nem tanto off-topic: No The New York Times um texto que fala sobre o que o cross-country (na neve) revela sobre a capacidade humana. Bão!

8 pensamentos sobre “Leituras do Carnaval

  1. Mauro Leão disse:

    Minha opniao sobre medalhas… deveriam ser top100 ou algo assim, não tenho “orgulho” das minhas medalhas, nem guardo em local especial. Prefiro uma camiseta de qualidade para usar. Acho que tem a haver com meu esporte de coração, tenis, só ganha trofeu ou medalhas os 2 finalistas. Isto em todos niveis e categorias… curiosamente um esporte considerado mais “mimimi”… Aqui em Goiania e Brasilia é bastante comum provas com medalhas diferenciadas mas sempre com medalhas de participação, inclusive alguns treinoes com medalhas.

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  2. Julio Cesar disse:

    Sobre medalha de participação: Faz uns anos que não pego mais.

    Coloquei as que eu tinha em uma caixa e deixei na pista onde treino. Alguém pegou.
    Fiz o mesmo com os troféus. Só ficavam juntando poeira.

    Das corridas que fiz guardo os números de peito e a lembrança de cada uma delas na minha memória.

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  3. Pedro Ayres disse:

    Eu sempre imagino a cena do neto olhando a medalha da maratona XYZ e perguntando pro vô:
    – Ganhou a maratona, vô?
    – Err… não… o vô completou…

    Praticar esporte é extremamente salutar e muito bem-vindo, mas competir é outra coisa. E não vale “competir contra si mesmo”, porque daí vale tudo, viver já é competir contra os elementos e a possibilidade de continuar vivo…

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  4. Cadu disse:

    Gosto muito da ideia das provas com medalhas diferenciadas, um belo exemplo é a Comrades, que tem a diferenciação por faixas de tempo. Mas acho que as medalhas de participação para todos podem ter até uma função social. Conheço pessoas que eram totalmente sedentárias, mas que hoje adoram participar de provas só para postar as fotos com as desejadas medalhas (a maioria mordendo elas). Sem essas medalhas, aposto (puro achismo meu, sem nenhum estudo ou dado específico) que muitas pessoas voltariam a não praticar esporte nenhum.

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