Arquivo da tag: Fisiologia

Workshop: Treino de Base

Este foi um ano atípico à corrida, mas nosso corpo não liga para calendários! Tendo ou não provas e competições, sendo novembro ou agosto, ele funciona biologicamente igual. Mas entra ano e sai ano uma questão paira na cabeça de muitos corredores amadores: o que é base? Devo fazer? E o mais importante: COMO fazê-la?

A gente ouve dizer que a base é aquele período em que corremos muito quilômetros e de forma lenta. Mas será mesmo? O que um corredor mais quer não é correr rápido? Seria esse mesmo, então, o melhor caminho?

Mesmo modalidades de “explosão” acreditaram na ideia de que base era hora de correr assim lento. Abandonaram essa ideia. Não seria prudente nós corredores fazermos o mesmo?

Em uma aula única irei explicar por que muito do que você imagina ser certo não faz sentido! Com um enfoque direto, prático, didático e simples vou falar o que é e como fazer a sua base!

Irei explicar o que você deveria fazer para que 2021 seja o ano da virada nas corrida e no seu desempenho!

Mude sua corrida! Você sairá da live com o passo a passo que precisa!

Essa será a melhor e mais completa live que você verá sobre o assunto neste mês que tanto se fala de base! Você sairá dela sabendo o que é, como fazer, e o que fazer!

Aula única (2a feira dia 04/01)

Definição: o que é a base.

Conceitos Fundamentais: o que você não pode deixar de saber, como ela interfere e o que fazer.

Como: se inscreva aqui! Preço incrível e irrecusável!

*via Zoom em link a ser enviado no dia.

**a live ficará gravada por 24 horas.

Etiquetado

Treinos, planilhas, consistência e sobrevivência

Corria esse sábado no Japi (Jundiaí) quando os 2 corredores comigo falavam sobre como algumas pessoas são “caxias” quanto às planilhas. Se recusam a treinar com outros para não mudar “prejudicando o treino”. Eu tenho uma teoria: planilha de treino vale muito POUCO.

O treino em si que você faz importa MENOS! O que faz alguém ficar bom, como diz alguns dos melhores gringos que conheço, é aparecer na pista dia após dia. O que você faz lá importa MENOS. Você precisa ir e treinar!

Prova maior disso é que a ferramenta mais precisa pra se determinar o desempenho em Maratona leva apenas duas variáveis: volume e desempenho recente em QUALQUER distância.

Periodização, tipo de treino, variáveis fisiológicas, etc… Me fale apenas quanto correu e quão rápido correu recentemente e você tem seu tempo na Maratona melhor do que QUALQUER modelo conhecido.

Dellana explicando Ergodicidade em seu livro (nem vou me atrever a tentar explicar o termo) nos dá um exemplo muito prático dizendo que o vencedor em uma corrida NÃO é o cara mais rápido, “mas o mais rápido dentre os que sobreviveram ao processo”.

Minhas planilhas de treino não são pra fazer alguém rápido! Mas pra fazer alguém correr de forma segura! Que ele possa “aparecer na pista dia após dia” e que sobreviva ao processo. Como? Aí vem a mágica.

Dias atrás em um papo um corredor dizia que o treinador dele liga sempre pra saber como foi o treino, “puxar a orelha por fazer rápido demais”. Aí alguém disse: o Balu nunca faz isso.

É verdade. NUNCA faço mesmo! Por quê? Porque você no meu treino NÃO CONSEGUE correr mais rápido do que eu quero. Pergunte a QUALQUER UM que treina comigo. Por quê? Porque treinamento não é fazer o treino mais eficiente, mas não deixar alguém se machucar pra que ele possa “aparecer na pista dia após dia” e sobreviva ao processo.

A motivação DELE o faz correr rápido a sessão. O SEU treino o impede que não ultrapasse os limites. É ASSIM que ele fica mais rápido.

Alguns dos MELHORES que conheci, grandes amigos, faziam EXATAMENTE isso. Nunca tiveram planilha, apareciam e faziam o treino que alguém estava fazendo. Mas treinavam SEMPRE.

Etiquetado ,

Linha Diagonal e os clássicos

Essa é a LINHA DIAGONAL, um exercício fabuloso que o Léo Moratta me apresentou e que, segundo ele, está na sua rotina de treino incessantemente faz 2 anos. E ele ainda hoje se desequilibra às vezes. Por que falo isso…

Dia desses li um cara que gosto muito dizendo que não importa quão bom você seja, você NUNCA será bom pra deixar de lado exercícios fundamentais como Terra e Agachamento se quiser trabalhar força. (*a linha diagonal trabalha força AND mobilidade)

OS CLÁSSICOS IMPORTAM!

Quando eu tinha assessoria lembro que tínhamos que ficar fazendo malabarismo para o treino “ser legal”. Mas pera lá!!!

Quando vou no studio do Léo Moratta vou lá pra fazer justamente o que eu NÃO gosto. Ele NUNCA me pediu pra correr porque sabe que eu gosto, ele não precisa pedir. No studio eu faço o desconfortável, o difícil, o duro, o aborrecido.

Nutrição tem MUITO disso! O que mais ouço é as pessoas falando que não “gostam disso”, que “enjoaram daquilo”. E daí?! Eu como brócolis 90% dos dias. Mas queria MESMO era besuntar cheddar em cima. Cheddar é low-carb! Bolso eu tenho, mas não tenho DNA pra isso (laticínios são NÃO naturais à espécie)

Nutrição e Esporte não são sobre comer e fazer “o que gosta” ou o que “não enjoe”!

Vamos lá. CARNES, OVOS, FOLHAS, LEGUMES e COGUMELOS são os agachamentos e terras da Nutrição. O resto, sem exceção, é sobremesa. Repito: Sem exceção.

TUDO o que não for o que listei acima é sobremesa.

Repito: Tudo.

 

OS CLÁSSICOS IMPORTAM!

Ou você trabalha a base e “tempera” com o resto (digamos 80% das calorias vindas daquela lista, tal qual Princípio de Pareto), ou você não progredirá como poderia.

Você nunca será bom a ponto de eliminar aquela lista. Ter a sobremesa como base não costuma funcionar. Acredite em mim.

***

A linha diagonal é um exercício sensacional que tenho pedido em meus treinos presenciais na pista. Ela replica o gesto atlético. É uma expressão da força e mobilidade práticas na corrida.

Etiquetado , ,

Suplementos? Métodos de treino? Educativos?

“É O PESO, ESTÚPIDO!”

Um levantamento francês encontrou que o peso dos 100 melhores maratonistas do mundo em 2011 é 3,2kg mais baixo que o peso dos top 100 em 1990. Pode parecer pouco, mas como quase a totalidade deles pesa menos de 60kg, estamos falando de 6% a menos de peso.

Nutricionistas IPI, médicos do esporte, corredor amador lento… esses caras parecem bêbados procurando a chave de casa embaixo do poste porque é só lá que o ambiente é iluminado.

Os melhores atletas SABEM o que determina o sucesso em seu esporte. Pareço repetitivo, mas já disse de graça aqui N vezes que na corrida o que importa é: volume de treino, capacidade de dissipar calor e baixo peso.

Quando o nutricionista-burro-IPI vem e diz que “não recomenda jejum no desempenho” ele apenas assina um atestado de ignorância. Primeiro porque os melhores do mundo o fazem há DÉCADAS (e um nutricionista-burro-IPI nunca ensina mais que os melhores).

E segundo porque jejum é um mecanismo de auxílio de BAIXO PESO. Agora volte lá e veja qual é umas das 3 variáveis determinantes de desempenho que listei de graça pra você.

Mas há sempre a opção de estarmos todos muito errados, lógico! Então sempre quando me marcam em publicação em que o nutricionista IPI pede pão francês ou bisnaguinha de pré-treino (ou um dos suplementos que ele tem que vender), me pergunto o que aconteceria se esse sábio estivesse na África, origem de 90 dos 100 melhores maratonistas do mudo… ele faria africanos fazer 42km em 1h35?

O que você acha? Os prós estão errados, mas o seu amigo da assessoria que corre a 4’35”/km está certo?

p.s.: agora na quarentena ajudei um amador em SEMANAS a perder ~14kg (sem fome, sem lanche, sem pré-treino, sem suplemento…). Fez em treino o que NUNCA fez em prova. Qual a conclusão do treinador? “Ah, se consumir mais carboidrato… vai voar…” Pois é! Nem mesmo ele entendeu que a lista que coloquei aqui NÃO fala NADA sobre consumo de carboidrato.

Etiquetado , ,

Ah o pré-treino…

A pessoa decidiu começar a correr, vem de um longo sedentarismo, geralmente com sobrepeso, ou seja, com excesso de energia endógena. Ela nem começou a treinar e já saca a pergunta:

“O QUE DEVO COMER ANTES?”

Como é que é?!? Você nem se mexeu e já quer comer? Nem começou a trabalhar e já quer o salário?

O pré-treino é um dos maiores equívocos de compreensão da Nutrição e – óbvio – de Nutricionistas.

Ah, Balu, mas treinadores tb falam isso…”

Sim, por uma dessas injustiças da vida temos que ter aula de nutrição na faculdade com nutricionistas. É um erro! Eu sei! É como pegar um monte de engenheiro hidráulico pra ensinar uma comunidade de pescadores ribeirinhos a pescar… ambos mexem com água, mas quando o assunto é pesca só um deles tem ideia mínima do que faz. Com Esporte e nutricionista é igual!

SEMPRE que se busca a resposta para algo, a primeira ação deveria ser olhar o mundo lá fora, não o que dizem vendedores. E o que encontramos? Temos que na natureza NUNCA há prévia alimentação a um grande esforço. MAIS: após um animal conseguir energia exógena (externa, a dos alimentos) ele REPOUSA.

Como querer inverter a lógica NATURAL das coisas? Como querer máximo desempenho quando a energia exógena leva a uma redução de atividade e energia interna (endógena)? Apenas acadêmicos enxergam lógica nisso!

E eu não canso de repetir: o treino não-alimentado proporciona adaptações IRREPRODUTÍVEIS ao se treinar alimentado.

Mas indo treinar sem pré-treino como ficam os vendedores? Como ficam aqueles que vivem ($) de traçar uma “estratégia alimentar” toda rebuscada ao cliente?

Eles PRECISAM, eles TÊM que vender ALGO a alguém. E não-comer não é algo! Eles vivem, pois, da não-compreensão.

A própria e a do cliente.

E você? Até quando você vai acreditar que o desejo do especialista muda a realidade? Que o seu desejo de ser especial de ter um pré-treino não faz nada em prol do seu esforço?

Etiquetado , ,

A Cetogênica, o desempenho e a magia…

Eu, como muita gente, gosto DEMAIS de truques de mágica! No filme “Truque de Mestre” (2013) tem uma frase que ensina muito sobre a arte de Houdini: “Quando um mágico acena a mão e diz: ‘Aqui é onde a magia está acontecendo’ é porque o verdadeiro truque está acontecendo em outro lugar”.

O equívoco do preguiçoso é sempre buscar atalhos. O erro do tolo é simplificar o complexo. Tem que ser MUITO ingênuo pra achar que em um mundo que dá literalmente TUDO ao vencedor e é praticamente universal como o esporte, tenha truques simples que somente você e mais ninguém enxergou.

Sou gênio! Vou deixar de comer carne e ganhar tudo porque NINGUÉM pensou nisso antes!

 

Ou ainda… A CETOGÊNICA

Outra frase essencial do mesmo filme: “Sempre há mais do que vemos na superfície“.

Froome carrega incontáveis acusações de doping. Tempinho atrás quando questionado de sua melhora repentina ele atribuiu à dieta cetogênica. Apenas os britânicos e os fãs da dieta acreditam!

Quando você pergunta à Viren sobre seu feito em 72-76 ele atribui a um prato local, mas sempre se cala quando perguntado do doping sanguíneo. Nos anos 90 as chinesas diziam que seus recordes eram frutos de sangue de tartaruga. Quenianos sempre falam do ugali, mas acho que poucos sabem que é o país com o segundo maior número de atletas suspensos por doping (só Rússia à frente).

Há basicamente 3 tipos de pessoas que fazem cetogênica no esporte: os dedicados, os desinformados e os sem talento. Explico.

1. Estar em cetose exige dedicação. MUITA!

2. Quem tem talento (leia-se tolerância ao carboidrato) NÃO precisa da cetogênica para manter o peso baixo! Por que fazer se ela não oferece vantagens competitivas?

3. E por fim, a desinformação. Porque só ela faz o praticante ignorar que não há nem nunca existiu em mais de um século um grupo de atletas cetogênicos com resultados consistentes, expressivos e relevantes fazendo uso dessa estratégia!

Você pode fazer a dieta que quiser, eu não ligo! Ninguém liga! Pode até ser vegetariano! Até tenho amigos que são! Só que tome cuidado quando você acha que é esperto vendo algo que ninguém mais viu.

Etiquetado , ,

Conselhos de Landy ao jovem Clarke

John Landy (E) é um dos maiores atletas da história, ex-recordista mundial, segundo homem a baixar dos 4 minutos na Milha.Quando ainda jovem, Ron Clarke (D) decidiu escrever ao seu conterrâneo Landy pedindo dicas.

Landy é tido como um gentleman singular. E eis que sem esperar Clarke recebe uma resposta escrita a mão. Nela dicas que ele usaria e provavelmente o ajudaria a torná-lo um dos 5 maiores corredores da era amadora.

Landy explica ao jovem que a corrida exige duas coisas: velocidade e resistência. Explica ainda que fazer grandes volumes é necessário para desenvolver resistência, mas que isso NÃO irá melhorar aquilo que ele também muito precisa, a velocidade!

E como ganhar velocidade, um dos 2 componentes? Treinando a velocidade correndo… rápido!

Clarke na carta original destacou que muita gente dizia que sua técnica não era refinada (diziam que seu movimento de braço era estranho). No que Landy respondeu:

Eu não me preocuparia com isso. O mais importante é estar em forma, a técnica e outras características menos importantes cuidarão de si mesmas. À medida que você evolui, o estilo se torna mais importante, mas você não consegue mudar muito o estilo do corredor – apenas modificá-lo – porque cada um tem seu estilo particular de correr”.

Bom, se Landy falou isso e Clarke acatou, quem sou eu para argumentar contra, não?! Mas talvez eles estejam errados, que o melhor jeito de ganhar velocidade seja ficar rodando e rodando sem velocidade nem qualidade ou que antes de treinar bastante a pessoa deva é ficar olhando para a ”entrada do pé” e esses detalhes com os quais os dois não se importavam.

Etiquetado , ,

BIOMECÂNICA vs TREINAMENTO

OU AINDA: é possível “ensinar” um guepardo a correr mais rápido melhorando sua técnica?

Muitos anos atrás me apaixonei pela história do cavalo Seabiscuit. E tempos atrás mergulhei no mundo das corridas de cachorro para escrever meu livro O Veterinário Clandestino. Ambos os mundos conseguem uma proeza: fazer animais incríveis correrem ainda mais rápido.

Como? Treinando suas CAPACIDADES. Cavalos e cães não fazem educativos. O que sobra é melhorar suas valências (níveis de força e resistência, por exemplo). Você nunca verá cavalos na academia nem cães fazendo educativos de corrida. Ok, não são racionais como nós humanos.

Será que poderíamos fazer o guepardo, o animal mais rápido do mundo, correr ainda mais? Sim! Com certeza! E se ele fosse racional como o Haroldo amigo do Calvin? Poderíamos dizer COMO ele deveria correr para ser mais rápido?

Fiz um vídeo dias atrás porque me perguntaram o que achava do enfoque na biomecânica. O que vejo que muito amador não percebe é que o PADRÃO biomecânico de uma pessoa REFLETE, é uma expressão de suas capacidades físicas, enquanto muita gente entende a biomecânica como sendo CAUSA da corrida.

Como “melhorar” alguém tecnicamente/biomecanicamente se à medida que a força, resistência e potência aumentam sua biomecânica TAMBÉM muda, uma vez que ela é a expressão dos anteriores?

Esse é (mais) um dos motivos pelos quais interfiro ZERO na mecânica de meus atletas. Ao treinar suas CAPACIDADES, elas se refletirão no novo padrão de corrida da pessoa. Duvida? Venha em janeiro em um treino meu, filme meus atletas e volte em maio! E verá como mudarão sem fazer UM exercício educativo sequer! Como isso é possível?

Eu tento olhar o padrão de corrida como indicador de CAPACIDADE que faltam ser treinadas. E apenas querer ou falar (faça isso, pise assim) POUCO ou NADA muda. Para você fazer o fadeaway do Jordan ou enterrar como LeBron, não basta educativos. Você precisa ter capacidades físicas mínimas e brutas, além de praticar o gesto POR COMPLETO. Focar primeiro em ângulos não te levará a lugar nenhum. E DENTRO do gesto completo seu corpo encontrará as alternativas mais adequadas de ajuste.

Etiquetado , , , ,