Um tipo muito frequente de pergunta que recebo aqui é algo como: corro 5km em 25’00”, como faço pra baixar pra 22’00”?
Duas considerações importantes daqui. A primeira diz respeito ao quão distante são 2 corredores que fazem 5km com 3 minutos de diferença. Eles não pertencem à mesma gaveta, ao mesmo grupo. Não no momento. O que corre em 25’, se correr 100 vezes contra o de 22’, irá perder 98 vezes. Quem corre em 25’00” primeiro tem que tentar 24’00”, depois 23’00”, assim por diante.
A segunda consideração é o EQUIVOCADO conceito de que definimos com grande controle o andar da carruagem e aqui vai uma má notícia: temos pouco controle. Isso porque não se pode forçar adaptações! Não somos nós que criamos o cronograma de progresso! O que o treinamento faz é criar CONDIÇÕES, não determinar o ritmo do progresso.
Já falei antes, treinamento é sobre criar variações e gerenciar variações de um estresse controlado. O cálculo é feito de maneira tal que o corpo possa assimilar a carga e assim o progresso acontece!
Por isso mesmo o treinamento deve ser feito a partir de onde estamos, e não exatamente DE onde ou PARA onde queremos chegar. Então, voltando ao exemplo de nosso corredor de 25′ nos 5km, se hoje ele corre a prova a 5’00″/km não existe algo que faça você daqui a X dias correr a 4’45″/km. O treinador vai ter que DESCOBRIR o que é possível. Isso é BEM diferente de DETERMINAR o que seja possível.
Vivemos tempos em que os profissionais adoram usar a expressão “baseado em evidências”. Sinceramente? Uma tremenda BOBAGEM. Treinamento é sobre PALPITES, APOSTAS e AJUSTES. A experiência vai nos afiando como treinador no “cálculo” (que nada mais é que um palpite, uma aposta) das cargas de treino. Sempre serão CHUTES.
Tenho aversão cada vez maior pela expressão “baseado em evidências” porque isso implica em decisões baseadas em retrospectivas. Isso nos diz o que deveríamos estar fazendo. Mas treinamento é sempre um processo CONTÍNUO, o atleta de hoje é DIFERENTE do atleta de ontem!
Balu, não posso deixar de concordar. A cada dia me torno mais atendo, mente aberta, para muitas e muitas das suas constatações. Esse processo que você nos apresenta, com seus textos, torna-se mais fácil quando parando e atentando para nossa vida de “atleta”, digo atleta na concepção mais ampla possível, posto que ando longe de ser merecedor de carregar esse peso nos meus minguados tempo de dedicação ao esporte(corrida), nele podemos observar que não existe linearidade, nem muito uma previsibilidade fidedigna, e que nem tudo prescrito torna-se realidade, bem como as vezes o real transpassa o prescrito. Acredito, bem como tiro de muitos textos seus, a ciência segmenta, fragmenta ao máximo, fatia, para chegar suas conclusões, e por isso, nem sempre o todo corresponde ao quebra cabeça completo, digo, a realidade aplicada in loco. E tudo isso só me faz aumentar esse olhar atento para abertura da mente, me observar, observar as coisas na prática, sem se agarrar ferrenhamente a fragmentação. Que venha mais textos. Valeu
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