Quando postei semanas atrás que não usava nem recomendava protetor solar na corrida começaram os comentários: como assim?!?
Esqueçamos um pouco o desempenho (se muito da elite não usa, deve ter motivo, não queiramos ensinar padre a rezar), já que é uma barreira física à sudorese, um enorme controlador de temperatura corporal.
Eu não uso protetor há MUITOS anos. Se as diretrizes erraram em TUDO o que diz respeito à saúde, meu palpite de cara é que devem estar errados nisso também. A Academia Americana de Dermatologia tem tolerância zero à exposição solar. Está lá no site deles: “Você precisa proteger sua pele do sol todos os dias, mesmo quando está nublado”.
Para mim não faz muito sentido… Nossa espécie é diurna e tem vivido assim e sem cremes com sucesso por milhões de anos. Parece-me ilógico dermatologista dizer que se sairmos sem estar besuntado de creme, morreremos. Olhando pra trás, minha família foi paupérrima a ponto de não ter dinheiro pra cremes. Vou contabilizar aqui os casos de melanomas e/ou câncer na família, relativos e vizinhos igualmente pobres… Zero.
Não pode ser… como dermatologistas poderiam estar errados? (leia em tom de ironia)
As atuais diretrizes americanas de exposição foram escritas às pessoas mais brancas do mundo. Porém, por que pedir que TODOS a sigam? É como determinar consumo de sal usando hipertensos ou carga de treino no agachamento usando pessoas com perna quebrada.
Quando olhamos escandinavos temos um estudo BEM interessante e revelador. Os MAIS EXPOSTOS ao sol tinham MAIS melanoma, PORÉM, eram oito vezes MENOS propensos a morrer com isso. Eu gosto de enxergar o sol também como um estressor, como exercício ou o jejum. Em excesso, faz mal, na medida natural é ESSENCIAL à boa saúde!
Nos 20 anos do tal estudo, os que EVITAVAM o sol tinham duas vezes MAIS chances de morrer.
Nós vivemos em um mundo esquizofrênico que pede que FUJAMOS do sol. Mas estamos deficientes em Vitamina D, que é sintetizada – voilà – com ajuda da luz solar! O que fazemos então? Suplementamos. Loucura, não?!
Baixa vitamina D no sangue tem relação com inúmeras graves doenças, distúrbios, problemas cardíacos, etc. E ela é ainda essencial à saúde óssea. Só que sua suplementação falha miseravelmente nos estudos. Os níveis sobem, mas os desfechos (o MAIS importante) NÃO são positivos. Essa vitamina seria assim um marcador, não um fim! (*SIM, você já ouviu essa história antes, só que com colesterol!)
Eu não tenho histórico familiar de melanoma ou câncer de pele. Eu sou ainda privilegiado por correr em horários de príncipes e herdeiros, às vezes pela manhã, às vezes após o almoço e corro sem NADA. Quando faz muito calor, vou pela sombra. Em treino longo? Você tem viseiras, bonés, óculos escuros…
Tal como exercício e jejum, errado não é pegar sol no verão por 3 horas ao meio-dia sem protetor nos 15 dias de férias. O errado é pegar esse sol nessa carga!
Eu arrisco dizer que corro mais ao sol do que uns 90% dos corredores de assessorias, que muitas vezes tem o sol do sábado como ÚNICO dia correndo ao sol. E o que se recomenda a eles? Usarem protetor! A diretriz de fugir do sol é pra mim tão NONSENSE que me faltam palavras.
Concordo plenamente.
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Adoro seus posts, tenho vc como a autoridade mais técnica de corrida que escreve, mas o melanoma é uma realidade devastadora Pelo fato de não conhecermos, não significa que não exista…. De um seguidor e admirador do seu trabalho, esse post foi um pouco over Abcs
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Mas eu não disse nem acredito que não exista… Pedir que não nos exponhamos ao sol é meio como na corrida pedir que sejamos sedentários porque nas maratonas há ataques cardíacos. O problema é aquilo que não vemos.
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Fala Balu!
Rapaz, tenho mais idade que vc, mas acho fantástico a maneira que nos faz pensar nessas coisas que habitualmente aceitamos sem questionar! Pense! com carinho na sugestão Michel do Endorfina de fazer um podcast para tratar de ideias como estas que não são abordadas no 3 lados da corrida ! Valeu!
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Eu li o texto por curiosidade, pois apareceu para mim enquanto pesquisava dicas de protetor solar para corrida.
Acho que você não está levando em conta alguns fatores como maior incidência de radiação nociva devido à destruição na camada de ozônio, sobretudo no último século. Outra coisa: a questão não é só morrer, mas tb sofrer com manchas, envelhecimento precoce da pele etc. conheço pessoas que trabalharam parte da vida expostas ao sol e na velhice tiveram vários incidentes de câncer de pele. O efeito da radiação solar é cumulativo. Pode demorar muito tempo para os problemas aparecem, inclusive as gerações anteriores talvez nem tenham vivido o suficiente para analisar esses efeitos, já que a expectativa de vida era bem mais baixa.
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