O “Método MAF” é a abreviação para o método criado e que leva o nome de um profissional incrível, Phil Maffetone. Nele o corredor passa até 6 meses construindo sua base aeróbia treinando e correndo em baixa intensidade. Quão baixa? Sua frequência cardíaca não ultrapassaria o valor de 180bpm menos sua idade com outros fatores de correção que pode tornar essa FC máxima de treino ainda menor.
Isso reduziria o estresse, os níveis de inflamação e a incidência de lesões. A questão da lesão é facilmente rebatível. Não há evidências de que intensidades baixas machuquem menos (fosse assim, velocistas se machucariam MUITO mais, e isso não é verdade). O exercício físico NADA mais é que aplicar uma carga gerenciável de estresse e mesmo inflamação ao corpo. Se ambos fossem ruim per se, o sedentarismo seria melhor do que treinar.
Eu nunca utilizei em nenhum orientado meu o método MAF porque ele vai contra um princípio fundamental do treinamento esportivo: o da especificidade. É difícil acreditar que correndo devagar iremos aprender a correr rápido.
“Fiz o Método MAF e ele funciona”
Bom, quem faz uso da homeopatia também relata que funciona, mesmo os estudos controlados não encontrando absolutamente nenhuma vantagem direta. Mas por que isso aconteceria indiretamente?
“Primeiro, não faça mal” (Primum non nocere)
Para mim o Método MAF parece funcionar por uma junção de 2 motivos. O primeiro deles é o mesmo motivo pelo qual a homeopatia “funciona”. Essa funciona justamente porque ela NÃO funciona. Ao NÃO intervir no doente, evitamos o excesso de intervenção, intervenções equivocadas, que na Medicina mata e adoece e que no Treinamento lesiona o atleta. A homeopatia por ser apenas água com uma pílula inócua deixa que a Mãe Natureza e o tempo façam sua parte ao tratar o doente.
O corredor que usa MAF treina em FCs tão baixas que ele fica de certa forma imune ao risco de se submeter a cargas equivocadas de treino que o lesionem. Até o treinador mais bem intencionado pode machucar um atleta. (*lembre-se que o treinador por uma pressão do mercado PRECISA justificar seu preço ao cliente, ele não pode pedir que o cliente corra leve por muitos minutos, você acaba tendo que entreter, quase que “enganar” e distrair esse corredor apimentando as sessões com mais intensidades)
E por fim, qualquer atividade minimamente feita irá melhorar de certa forma o condicionamento de um indivíduo. Estudos bem interessantes mostram que quando observamos pessoas submetidas a uma nova dieta (não importa o quão questionável esta seja), observamos melhoras! Podemos assegurar o mesmo quando falamos de treinamento, não importa quão ilógico ele seja! Mas isso está LONGE de significar que ele seja o ideal.
Balu, bem interessante este post. Muitos métodos dão algum resultado inicial por causa da atenção dada. P.ex: num projeto de melhoria com abordagem 6 Sigma (DMAIC), somente o fato de colocarmos uma medição (M), já há ganhos marginais chamados de “quick wins”, pois alguém está “vendo” o problema.
No caso da homeopatia, vale o mesmo, veja nesse vídeo do Kurzgesagt ( https://youtu.be/8HslUzw35mc ). Parece que a atenção dada é o principal fator de melhoria/cura e o “remédio” é mais um placebo. Lembrando que o efeito placebo não é desprezível dependendo do caso.
E por fim mas, não menos importante, acredito em abordagens fundamentadas em teses e hipóteses validadas. No mercado financeiro, se eu escutasse e seguisse as dicas de cada youtuber, analista, guru etc, teria torrado todo meu capital em impostos, corretagem, taxas e emolumentos.
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Eu achei interessante o pouquinho que eu conheci do método Maf pq ele prega o fortalecimento da base aeróbica!
Ele diz que se vc correr dentro daquela frequência cardíaca indicada, durante algum tempo vc vai conseguir uma melhora significativa de velocidade dentro da mesma frequência cardíaca!
Ou seja, se vc corre a 5’/1 com 145bpm, com esse treinamento (de médio prazo) vc estará correndo por exemplo a 4’30”/1 dentro da mesma faixa de frequência!
E não há nada melhor do que correr em uma faixa de frequência confortável!
Adorei a matéria!
Com certeza foi uma boa contribuição para somar as minhas pesquisas sobre o MAF!
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Não sou profissional mas a primeira vista isso me parece mais uma versão do esquema do Arthur Lydiard – construir uma grande (enorme) base aeróbica com corridas lentas e usar treinos de velocidade só como a “cereja do bolo” quando cara já está fazendo um grande volume semanal. Só que na época dele não tinha frequencímetro, então ia na base da escala de esforço mesmo.
Eu treino 90% do volume bem leve mas isso com base na minha experiência – se correr mais que 10% rápido (provas inclusas) acabo me lesionando ou ficando doente. Não sei se isso dá no máximo de performance mas acho minha saúde mais importante então…
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Daniel, o LSD do Lydiard NÃO prega correr 100% do tempo assim como mta gente acha… Tem trabalho pesado de velocidade mesmo na base. O MAF prega 100%… Não faz sentido. Os demais métodos giram na casa de 80%.
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