Longa Leitura do dia: um longo e interessante texto que fala sobre mindless me fez lembrar que tempo atrás em uma série de stories no meu Instagram (@danilobalu) eu falei dos motivos pelos quais eu NÃO trabalho com exercícios coordenativos (ou educativos) em corredores de longa distância. Trabalho um pouco com velocistas e bem mais com saltadores. Isto está relacionado com o quão natural é um gesto motor. Correr 110m com 10 barreiras de 1,07m de obstáculos NÃO é natural, saltar com vara NÃO é natural, correr muito (5km?), SIM, é um gesto natural ao humano!
Quanto mais treinado e experiente um atleta, mais natural e instintivo seu gesto motor treinado o é. Se você pede para um cara BOM naquilo que ele faz explicar COMO ele faz, ele não sabe explicar (por isso também que os melhores atletas não são necessariamente os melhores treinadores… saber fazer não significa saber explicar como fazer).
Eu não sei se é recentemente, mas as redes sociais fez surgir ao meu redor, à minha frente, um mundo de corredores amadores (e lentos) que ficam discutindo minuciosamente técnica de corrida. Eles parecem saber explicar melhor do que eu como é a técnica do Mo Farah.
Eu juro que eu não entendo. Se você pensa demais no gesto, você piora esse gesto! É como numa corrida… às vezes vejo corredor falando ao outro “faça a sua corrida”… Não! Faça a corrida com outro porque você vai deixar esse outro ter o trabalho (no sentido físico, energético mesmo) sujo. Como você dificilmente vai encontrar alguém que corra a mesma marca e o tempo todo com você, você vai dando um a um (a vários no final das contas) o trabalho de impor o ritmo (e quebrar o vento) e você assim “apenas” o acompanha. Corrida é sobre eficiência e economia de energia não sobre quem tem o braço mais paralelo ou prona menos!
É aqui que entram as corridas coordenadas, o meu educativo aos meus atletas. Peço que eles corram rápido & relaxado. Nessas “retinhas” eles correm pensando, mas buscando um gesto relaxado, sem fazer força, ainda que rápido. Fazendo isso dia após dia até virar algo natural. Isso porque no dia da prova o que você NÃO quer é que o atleta “pense nisso”. Quer deixar que os outros tenham o gasto de pensar por ele. A ele fica apenas a tarefa de tolerar o desconforto. E já é trabalho demais.
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Algo me diz que a Nike acredita menos na vitória de Mo Farah do que acreditava na vitória de Tiger Woods no master de semanas atrás. Isso porque ela tinha o vídeo para ser usado depois do título. Para Farah decidiram postar antes da Maratona de Londres de domingo. E aí!? Belíssimo o vídeo abaixo! *Aliás, para quem tem interesse em saber como é treinar na Etiópia, onde pretendo retornar com brasileiros em novembro, esse vídeo dá uma ideia beeem realista! Tirando a pista, que é do Kenenisa Bekele e você não pode usar sem pagar os U$15 de diária.
Nike tem um video preparado pro Mr. Kip após a maratona. Este do Sir Mo acho que é pra incendiar a torcida.
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Balu, as redes sociais te transformaram num influencer (kkk). Já já vc testará uns Hokas e Vaporflys.
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Não é meu perfil… Eu e os fabricantes sabemos disso…
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Outro dia estava numa corrida, e tinha também revezamento, então um corredor que estava na minha frente passou a pulseira pra uma moça, que ficou emparelhada comigo durante alguns metros.
Não tive como não reparar no seu modo de correr, totalmente na ponta dos pés, então eu pensei: Essa moça deve dar bastante atenção ao que chamam de técnica de corrida, pisar com o antepé, aterrissar com o antepé, como estava (ou está) na moda
Acontece que vendo ela correr não precisava ser tão observador pra perceber que o gesto dela era completamente antinatural. Ela tinha que prestar atenção à cada passada pra aterrissar com a ponta do pé.
Aterrissar com a ponta do pé é corrida de velocista.
Informação demais dá nisso. Acaba correndo todo forçado e torto (e lento).
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Gostei da dica sobre educativos. Vou parar de fazer os poucos que ainda fazia.
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