Vira e mexe os portais de corrida vêm trazer a possibilidade de a pessoa ser “viciada em corrida”. Dessa vez é hora da Athletics Weekly. Eu NUNCA vi ou conheci alguém viciado, mas apenas aqueles que QUERIA ser viciado em corrida… aí conseguiriam correr mais do que a disciplina manda. Eu acho um pouco engraçado esse debate porque uma atividade como a corrida que envolve liberação de dopamina, endorfina, etc, vai ou pode mesmo gerar dependência, só que em 0,0001% da população… só que a gente sabe que 99% das pessoas gastam com atividade física MENOS calorias do que deveríamos para ficar dentro de uma normalidade saudável. Porém, o ser humano ADORA se achar especial (por isso paga rios de dinheiro pra ter tênis pra sua pisada, suplemento manipulado, dieta personalizada, treinamento periodizado…)… então ele QUER se enquadrar nessas síndromes de meia dúzia… então fala que é viciado em corrida só que corre 2 ou 3x/semana… só que quando você alarga para o médio/longo prazo você vê que ele correu 1.7 vezes na semana nos últimos 30 meses… ele AMA falar que está com síndrome de sobretreinamento (ter overtraining é MUITO mais chique) e na verdade ele exagerou em 5 treinos seguidos e o corpo reclamou. A verdade é que povo que vive em laboratório enxerga o mundo de um jeito muito particular. Eu NUNCA dei treino pra um cara viciado em corrida (até porque tem que ter uma vida muito triste pra ser viciado em algo que dói e é monótono) ou alguém que tenha tido overtraining consistente, não algo adquirido em meia temporada… NUNCA. *dica do Carlos Gueiros.
Cada vez mais se simpatizo com a ideia de alguns grandes desafios físicos BEM esporádicos. Mas atenção! SEM treinar para ele. Quero fazer isso. Fazer provas de 30km SEM treinar para ela, por exemplo. Um cara que gosto muito completou um desafio de 1 mês 250 flexões diárias. Nem vou discutir aqui que do ponto de vista de saúde esse tipo de desafio é MUITO melhor do que aqueles do tipo X quilômetros até o final do ano que sempre pipocam lá pra novembro. Aí um pesquisador descobriu um desafio que é insano (no sentido depreciativo mesmo): 1.000 horas seguidas correndo/andando 1 milha por hora. Ou seja, mais de 40 dias sem dormir mais do que 1h30 seguida. Faz sentido? Lógico que não faz. Você não acha? Agora lhe pergunto: Maratona é saudável? Para haver coerência da sua parte só existe UMA resposta para ambos. *queria o destino que esse desafio das 1.000h se chamasse Barclay de pronuncia muito similar ao da ultramaratona mais difícil, a Barkley.
É bom deixar claro: eu NÃO acredito em teoria da conspiração. Porém, as pessoas sempre me perguntam por que na corrida a ideia de beber APENAS quando tiver sede ou a ideia do Jejum (intermitente) NÃO ganham adeptos dentro da academia (universidades). É simples: NÃO HÁ quem as financie ($$). Abra o documento sobre diretrizes de hidratação da Sociedade Brasileira de Medicina do Esporte, por exemplo. De olho aponto que metade de quem assina aquilo ganha/ganhou da indústria de isotônico. Eles TODOS são tão independentes quanto um taxista com passageiro. Abra QUALQUER portal grande de corrida, em 3 minutos você acha ali gente que ganha para defender o “beber antes da sede“, ideia que deveria ter morrido ao menos faz 10 anos. Você tem MUITA gente pagando para vender a ideia de “coma a cada 3h“, “sede é um sinal tardio de desidratação“, “jejum é coisa de gente fraca” (essa é nova e foi dito faz pouco por um ex-professor meu que não deve conseguir fazer uma flexão sem usar o joelho). Mas você NÃO tem quem financie (com $ porque professor universitário AMA dinheiro) falando que NÃO beber é uma estratégia melhor. Sem vender “snack” e isotônico a indústria (e seu professor e treinador) não ganha! É simples! NÃO é orquestrado. Mas é assim. NUNCA é de graça.
Bom dia Balu, beleza? Desta vez eu vou meio que discordar de você baseado em minha experiência pessoal. Desde 2016 eu corro em média 4 vezes por semana num volume médio de 40 a 50km. Não sei o que se define como dependência, mas a corrida me faz tão bem que aguardo com certa ansiedade por chegar 18:30 e eu sair pra minha ‘corridinha’. Não diria que sou dependente, mas meu humor é afetado nos dias em que por algum motivo não posso ir. Sou programador então o fato de trabalhar dentro de um escritório o dia inteiro pode ser um fator a considerar. Talvez eu faça parte dos 0,0001% que realmente ama o esporte, apesar de ser “algo que dói e é monótono” hehehe..
Grande abraço!
Vinícius
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Vou falar sobre isso amanhã (acho)… ser viciado é diferente de ter prazer… são coisas distintas… eu tenho prazer em correr (são quase 30 anos correndo), mas não tenho abstinências sérias qdo corro. Não é simples definir qdo algo “te vicia”. Tem um autor mto bom que diz que são 7 características e que para algo viciar ela deveria preencher 4 ou 5 itens ao menos. Açúcar vicia muita gente… cigarro e heroína vicia muito mais… não entram todos no mesmo balaio… assim como há viciados em jogo, sexo, maconha, cocaína…. De uns é mais fácil sair do que de outros. For a que por vezes confundimos hábito om dependência… o hábito facilita o trabalho ao nosso cérebro, é uma tomada de decisão a menos. Vc, por exemplo, ainda tem a questão de associar a corrida com o fim do expediente… é assunto delicado e complexo!
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Olha só eu não tinha pensado por esse ângulo… essa frase define perfeitamente: “ser viciado é diferente de ter prazer”. De qualquer forma, aguardo novas postagens sobre o assunto. Obrigado pela resposta Balu!
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Balu, e os casos do Dean Karnazes, 50 marathons / 50 days / 50 states, e do Scott Jurek, Appalachian Trail ? São desse 0,0001% com certeza, né ?
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Aqui fica complicado porque estamos falando de duas pessoas EXTREMAMENTE não só talentosas, mas privilegiadas geneticamente. A ponto de ganharem um razoável dinheiro com isso. Se eu te pagasse bem porque acho que vc varre bem, vc varreria minha calçada todos os dias? Isso te faz viciado em varrer calçada? Como saber? Respondi um comentário explicando que o “diagnóstico” de vício não é NADA simples. Eu arrisco dizer que esses 2 (e outros do mesmo naipe) PRECISAM correr porque têm enorme prazer…. Mas tb eles TOLERAM o desconforto porque são MUITO privilegiados geneticamente… pra mim é um misto.
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Eu sempre digo que não gosto de correr. Eu gosto de terminar de correr. Gosto do depois, o antes é apreensão e o durante é doloroso.
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