A Maratona de Londres anunciou mudanças para os corredores que correm com e como guias. Basicamente duas mudanças. Uma é que agora guias terão chips para registro de tempo. Mas a principal é que, respondendo a inúmeras reclamações de guias, eles também receberão medalhas e kit.
Já faz algumas corridas que algo me incomoda. Na última Maratona de Paris eu presenciei uma maratonista que foi derrubada FEIO lá pelo 30km (o suficiente para acabar com a prova de alguém) por causa de guias batedores em torno de um cadeirante empurrado. Ela ficou indignada. Eu ficaria. Digo mais: CLARAMENTE os guias pareciam se divertir mais que o cadeirante.
Já faz alguns eventos que reparo em provas brasileiras MUITAS pessoas correndo como batedores com cadeirantes. O gesto é bonito, nobre. Acho isso DE VERDADE! Porém, já vi limusine de chefe de estado com menos gente em volta. Até aí tudo bem. Mas… e quando prejudicamos um terceiro?
“Those who are in it to the good won’t tell you that they are in it to do good”
(“Aqueles que estão nele para o bem não lhe dirão que estão nele para fazer o bem“)
Dias atrás treinei com o preparador físico de uma seleção campeã olímpica. Ele não ganhou medalha, diferentemente dos atletas. Conheço até velocista que correu semifinal olímpica e que não tem medalha porque foi reserva na final. Quando fazemos algo a alguém, doamos esse algo. Se a pessoa PRECISA dessa medalha para SINALIZAR a todos que MERECEU e que ELA correu 42km empurrando ou ajudando alguém, é de se repensar o gesto. Passa a ser altruísmo para ser egoísmo. Simples assim.
Durante muito tempo nas corridas da extinta Corpore muita gente se inscrevia como guia voluntário (não sei se pagava inscrição ou era grátis, acho que era grátis).
Na hora da corrida havia muuuuito mais guias do que atletas para serem guiados.
Na hora da largada muitos “guias” saiam voando sozinhos (sem guiar nenhum atleta) e faziam seu ritmo numa boa, afinal tiveram tempo pra aquecer e tinham largada especial sem se misturar com o povão.
A única desvantagem era que não registrava o tempo, mas pra quem queria fazer um treino de luxo, e sem ser pipoca, era um excelente negócio.
Ninguém me contou. Eu presenciei isso muitas e muitas vezes.
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Pois é Balu, ser corredor-guia é uma abnegação, um ato de puro altruísmo quando sincero e verdadeiro. Mas, reconhecimento nunca fez mal a ninguém. Não confundir receber com reivindicar pois assim some toda a premissa do ato.
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Quando sincero e verdadeiro, sim.
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