Eu ia deixar passar, mas quando 13.000 pessoas trapaceiam em uma Maratona, mais do que tem nossa maior prova nos 42km, isso não deve ser ignorado! Ano passado quase 6.000 corredores teriam cortado caminho na Maratona da Cidade do México. Esse ano mais que o dobro. Qual a razão? Bom, assim como aqui no Brasil alguns circuitos oferecem medalha em forma de quebra-cabeça (você tendo que correr todas as etapas para completar a forma), no México por 6 anos as pessoas tinham que correr 42km para formar a palavra MÉXICO. Este ano era a letra O, a final, repetindo desta vez o percurso de 50 anos atrás quando a cidade foi sede olímpica (1968). Pronto, estava formada a confusão! Difícil julgar sem ignorar o fato que isso acontece em um país do 3º mundo… quando eu fiz um levantamento da Maratona de Buenos Aires (capital de outro país de 3º mundo como México e Brasil) anos atrás encontrei que lá no 39km há uma alça onde muitos corredores cortavam caminho. Muitos. Triste. Tenho certeza de que não somos melhores que nossos hermanos, apenas não temos como verificar ainda.
Como seria correr uma Maratona em Marte?
9 coisas que um espectador da Ultra Trail du Mont Blanc (170km) aprendeu sobre a modalidade de ultradistância de montanha.
Quando as provas de velocidade são feitas em altitude ou com vento (seja a favor ou contra) os comentaristas (ao menos os bons) costumam fazer paralelo com os tempos correspondentes. Por exemplo, dias atrás o americano Christian Coleman fez 9.79 com vento contra. Esse tempo é por si só o melhor em 3 anos e o 7º melhor de todos os tempos, ajustado o vento, ele é ainda melhor. Uma matéria bacana da Canadian Running explica os cálculos, como os amadores se beneficiam mais e como muda de prova para prova.
Aqui outro texto discutindo sem questionar muito a suposta vantagem que o Vaporfly da Nike daria. É muito reducionismo… não deve ser de graça!
Terry Fox é uma das maiores celebridades esportivas do Canadá. Sua história é incrível, emocionante, quase inacreditável. O canadense elevou a “corrida engajada” a um outro nível, inimaginável. Se você não conhece sua história, recomendo que o faça!
Apesar de não ser montanheiro todo ano eu assisto a UTMB, acho fantástica e inspiradora. Uma coisa que me chamou a atenção no relato do Kieran Alger foi a declaração de que a aptidão física média e grande resiliência mental superam a força mental média e a boa aptidão física. Tanto que o campeão recebe o último colocado e ambos vão para o pódio.
E é interessante a diferença de resiliência mental necessária numa ultra de asfalto e de montanha, como expressado pelo Geoff Burns numa entrevista pré 2018 IAU 100k World Championships (https://youtu.be/jUZMXV8UhKI).
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Não sei o que pensar dessa história da Maratona do México, Balu. Não sou fã das explicações sociológicas-terceiro-mundistas, mas não dá pra negar as evidencias de que uma fraude deste tamanho só ocorreria em um lugar em que as pessoas não estão muito acostumadas a seguir as regras. Ou acostumadas em não seguir as regras, como queira.
Por outro lado, estou pessoalmente traumatizado por experiencias recentes com a popularização da corrida de rua com técnicas de marketing de massa (“ativação” é jargão, né?) Alguem teve um idéia de tornar a maratona da Cidade do México a maior em algum critério, e os incentivos foram sendo colocados. Os organizadores começaram a fazer vista grossa e os participantes começaram a ser atraídos por badulaques como medalhas. A fraude, neste caso, só surpreende pelo tamanho, já que era totalmente previsível.
Em tempo: existe algum lugar pior para se correr uma maratono do que uma cidade poluída a 2.200 m de altitude?
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Luiz, tive a oportunidade de trabalhar em várias multinacionais e na última (americana) a filosofia do HPWS (high performance working systems – tem até livro) era notória.
Nela, se prega que quanto mais evoluída é uma comunidade, ou sociedade, menos regras (leia-se leis) são necessárias, pois os comportamentos e por consequência as relações são regidas por princípios.
Não darei um “migué” na prova pq não é correto e não pq posso ser punido e desclassificado.
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Pode ser, Antal. Tenho uma certa má vontade com essas explicações que simplificam problemas complexos e pode, em certos casos, justificando até racismo (não é o caso, bem claro). Sou mais favorável à explicações que consideram os incentivos e as consequencias (ou falta delas). Mas é só um viés meu, isso é certo.
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Tb acho que os organizadores incentivaram um a qq custo aí….
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Acho que essas questões sociológicas são mais complexas também, quando o governo americano exigiu CPF dos dependentes menores na declaração de imposto de renda, milhões de crianças “morreram” de um ano para o outro. Acredito que isso está muito mais ligado a impunidade do que a economia, mas também acredito que com o passar do tempo um ambiente melhor organizado acaba criando uma cultura mais desenvolvida.
Uma nação é desenvolvida por que as pessoas são “educadas” ou as pessoas são “educadas” por que vivem em um nação desenvolvida ? Tendo a aceitar a primeira proposição e rejeitar a segunda.
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Sim sim…. Complexo… E há uma questão da direção dos incentivos.
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