Já não acompanho mais matérias sobre café e cafeína na corrida. Não há como acompanhar esse tipo de abordagem no volume que são publicadas ou requentadas frequentemente (é isso que fazem portais e perfis de saúde, agem como revistas de adolescentes dos anos 90 que não existem mais, sinal claro de que não são terreno fértil para buscarmos informação com um mínimo de qualidade).
Primeiro porque estudos dos 2 lados não faltam, seja provando ou “desprovando” X ou Y, que consumir faz BEM ou faz MAL. Lembremos que você consegue achar pesquisas para tudo, por isso a maior parte delas é puro ruído, não sinal. Sinal você encontrará utilizando 2 recursos: o TEMPO e quando existe SKIN IN THE GAME “pele em jogo”).
Uma heurística (ou proxy ou regra) muito simples que uso com Esporte e Nutrição quando o assunto é suplementação passa por quem usa ou o recomenda. Se vem de acadêmicos, simplesmente não me importa nada. Por quê? Eles não têm “skin in the game”. No esporte o resultado é soberano. Já o sonho do acadêmico não sobrevive à realidade. Se o acadêmico vivesse fora do mundo de unicórnios, estaria no esporte. Acadêmico é aquela pessoa que sabe dar uma aula teórica sobre natação, mas que você jamais teria como salva-vidas da piscina da escola do seu filho. Isso é skin in the game.
E o que diz o mundo real sobre a cafeína?
Antes, vamos à minha sequência de proxy para suplementos:
1. Se o suplemento não foi banido, provavelmente não é efetivo;
2. Se o suplemento é efetivo, provavelmente já foi banido;
3. Há algumas exceções. Porém, não sabemos quais.
Duvida?
No caso da cafeína ela era anteriormente proibida pelo COI. Sabe o que aconteceu quando ela foi liberada? Seu consumo entre atletas CAIU. Por quê? Porque a liberação era um sinal claro de que ela NÃO melhorava tanto o desempenho. Lembrem-se: o acadêmico que fala que jejum não deveria ser feito entre atletas ou que tenta determinar protocolos de consumo de cafeína NÃO tem “skin in the game”, atletas SIM.
Voltando à cafeína. Ela é um estimulante. Porém, nosso organismo cria tolerância a algo em função de 2 variáveis: frequência e intensidade. Vejamos o caso da pimenta. Caso você se sente à mesa com um baiano (ou um tailandês ou um mexicano) verá que terá enorme dificuldade de acompanhar o consumo deles de pimenta (ou outros condimentos). Isso porque eles consomem em enorme frequência e/ou intensidade esse alimento.
Com a cafeína não deixa de ser parecido. Há pessoas mais sensíveis (como o há, por exemplo, com o consumo de sal) e menos sensíveis. Um consumo regular de cafeína (seja na forma de café, refrigerante cola ou energético) atinge pessoas de forma individual e pode gerar uma sensibilidade diferente com o tempo (em função da frequência e intensidade, lembra?).
Mas o mais importante é: SIM, a cafeína pode gerar estímulos (positivos) na prática da atividade física, mas eles são de forma individual (de acordo com nossa tolerância ou sensibilidade). E o mais importante: estão longe de serem garantidos OU do tipo “mais é melhor”, se fosse, os atletas continuariam a usar independentemente do que dizem os acadêmicos sem “skin in the game”.
Se você consome uma xícara de café e vai correr e se sente bem, siga o jogo! Quer experimentar duas? Tente, experimente! Agora se você acha que 18 xícaras te fará mais veloz ou segue recomendação de acadêmico sem “skin in the game” achando que pode ser melhor que a prática, eu tenho uma má notícia a te dar…
*Se você gostou do que leu aqui, estou certo de que vai gostar do que vai encontrar de surpreendente no e-book O Treinador Clandestino!
Danilo Balu
autor
Balú, ouvi outro dia de uma nutricionista que para otimizar/ maximizar o efeito positivo da cafeína no dia da prova seria interessante reduzir/ cortar seu consumo por cerca de 10 dias antes. Nunca testei e talvez nem consiga fazer isso ( sempre tomo café de manhã e às vezes pós almoço) mas parece ser um raciocínio semelhante ao ponto que vc coloca sobre tolerância. Faz algum sentido pra vc?? Abs
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Se me permite Ricardo, posso deixar minha contribuição.
Quando tenho alguma prova alvo, principalmente Ultramaratona em montanha, onde ficamos a noite inteira acordados, procuro retirar completamente o café 3 semanas antes. No meu caso não é muito difícil, pois consumo bem pouco diariamente. Nos últimos 3 anos fiz vários testes, consumindo, não consumindo, cortando o café antes, não cortando, etc.
Espero ter ajudado.
Abraços.
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Obrigado por compartilhar James… abraços
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Faz total sentido.
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Com a devida vênia, NÂO FAZ NENHUM SENTIDO. Então tu vais deixar de beber café, essa coisa deliciosa e extremamente prazeirosa, só pra potencialmente correr um pouco mais rápido em uma prova de corrida de rua qualquer, sem qualquer garantia de que vai dar certo? Quem faz esse tipo de coisa?
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Eu não faço isso rsrs
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Valeu Balú!!! abs
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Tem um tempo que considero a relação com o café muito empírica. Um lance muito individual. Não falo de cafeína em cápsulas, pois desconheço o uso e acho desnecessário. Falo do café em si. O estimulante mais consumido no mundo para levar a vida num ritmo que as circunstâncias impõem. Tomo café há muitos anos mais do que deveria. Nessas circunstâncias, estou certo que não serve para mim como estímulo para a corrida, mas serve bem para dar um gás no trabalho. Há 2 anos, num período de muito trabalho e de muito estresse, resolvi cortar o consumo de café por 7 dias. Nos primeiros 3 dias parecia um zumbi, tinha dor de cabeça e às 19h o cansaço era absurdo. Por outro lado, dormia muito melhor, a caspa foi embora e perdi 2kg nessa semana de restrição do café. Isso foi revolucionário para mim. Queria aplicar o princípio de Pareto ao consumo de café (4 dias sem e 1 dia com), mas não deu e apenas estou consumindo um pouco menos do que antes. Enfim, estou buscando essa melhor relação com café. Um dia chego lá. Não tenho dúvidas que uma restrição antes da prova ajuda. O boost é claro após um período de restrição. Fazia tempo que tinha curiosidade sobre tua opinião a respeito do café, Balu. Valeu.
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Muito bacana a heurística dos suplementos. Mas, vou avisando que entrar numa discussão dessas com os defensores é como esperar uma conversa racional com militantes (seja da direita ou esquerda).
E quanto ao café, um dia perguntaram ao Vitor Torres, fundador da Contabilizei, no que ele investiria se só dispusesse de R$ 100,00 para abrir um novo empreendimento. Ele respondeu: em café. Faz todo sentido.
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Agora só tomo café normal pela manhã.
No resto do dia só descafeinado.
Pra mim não faz mais bem. Café demais potencializa a ansiedade.
Quanto a café e esporte, acho que não faz diferença nenhuma.
Mas é gostoso tomar um latte depois do treino.
Se for no ciclismo é mais legal ainda, parar em um lugar bacana e degustar um espresso.
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