Um texto MUITO bom, mas que não conta lá muuuita novidade para quem acompanha esse espaço aqui. Eu já fui mais paciente (ou mais ingênuo, ou mais teimoso), já perdi mais tempo discutindo (numa boa, outras vezes nem tanto) com “especialistas”, influenciadores e jornalistas sobre tênis de corrida, desempenho e incidência de lesões. Hoje estou trabalhando duas regras pessoais. Uma delas é a regra dos 2 desvios. Ela estabelece que “nunca devemos brigar se o adversário estiver a mais de dois desvios-padrão de você em qualquer dimensão: conhecimento, ideologia, inteligência ou porte físico.” Se um influenciador ou jornalista ou especialista vem e diz que o tênis controla sua pisada, amortece e por isso mesmo diminui as lesões e te impulsiona melhorando o desempenho, é perda de tempo discutir com ele. Falta-lhe inteligência ou conhecimento do assunto. A outra regra é não discutir quando o discurso da pessoa não é gratuito. A experiência me faz detectar pelo cheiro quando o discurso dela é tão independente quanto um taxista com passageiro. A pessoa tem que ter skin in the game. Antes que você pense que eu não gosto de quem ganha dinheiro para falar essas besteiras, saiba que é um mal-entendido. Acho mais honesto quando ela fala já emitindo a nota fiscal pela fala. Não falta gente assim no mercado da corrida. Sei o nome da maioria. Reforço: não acho errado! Pois um texto da Quartzy nos fala do óbvio: as marcas de tênis de corrida vendem o mito de que seu produto nos ajuda a prevenir lesões. Amortecimento, controle de pisada, drop… o que falta de evidência de benefícios sobra de estratégia de marketing. Acreditar é do jogo, enganar terceiros é da moral da pessoa. *dica do Adolfo Neto.
Lá vou eu mais uma vez…. Vez ou outra todos (todos!) deveríamos correr sem fazer uso de gadgets e equipamento (ainda que você deixe o GPS ou o cronômetro fazendo registro, mas sem você checá-lo durante o treino)… Nossa sensibilidade a qualquer coisa depende de duas variáveis basicamente: da magnitude da exposição a isso e/ou da frequência da exposição. Veja a relação de baianos e mexicanos a pimentas, a reação de pessoas que moram próximos a rios fétidos como o Tietê e não sentem seu fedor. Não usar gadgets é um modo de você aumentar a sensibilidade aos sinais que seu corpo te envia. A GQ fala a respeito e dá umas dicas de como começar isso.
A Runner’s World também fala sobre essa tendência do mindful running. Não gosto quando fazem disso um produto… mindful running é sobre “menos” e o mercado só lucra quando há “mais”.
A cabeça do corredor é maluca. Mais uma vez a Western States observou que os corredores fazem um esforço enorme para bater uma marca redonda. Os ultramaratonistas fazem muita força para correr os 160km em menos de 24 horas para depois relaxar e novamente fazer força só para superar o tempo-limite de 30 horas. Na Maratona se observa o mesmo comportamento (picos na chegada dos sub-3h, 3h30, sub-4h, 4h30…) e na Meia Maratona também (2h00).
Adorei o sistema do desvio padrão, vou implementar na minha rotina
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Balu, de fato, essa estória dos tênis de corrida e suas tecnologias é um tanto estranha. Eu, particularmente, vou pelo conforto e, claro, o preço (até R$ 200, e olhe lá…). O resto pouco importa.
Ei, a viagem pra Adis Abeba ainda tá em curso?
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Está, sim! Lógico!
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Balu, a Western States é uma prova icônica. Não bastasse a distância e a altimetria, ainda teve o fator climático neste ano. Nos depoimentos pós-prova do campeão masculino, Jim Walmsley ( https://www.youtube.com/watch?v=-Rr_dqeRGAU ) e segundo lugar François D’Haene, esse tricampeão da UTMB ( https://www.youtube.com/watch?v=E7s0GiqbLGY ) como no da Andréa Vidal, a 1ª brasileira da história a completar a prova, o calor de 40ºC foi determinante. Coisa de louco !
Algumas coisas me chamaram a atenção. O Jim bateu o recorde da prova ( 14:30:04 ) depois de 2 anos tentando ganhar e com uma quebra muito feia em 2017. Se ainda vm=dx/dt, então isso daria uma velocidade média de 11,1 km/h !!!
E meio que em linha com o “mindful running”, é interessante naquele depoimento aonde ele citou alguns viabilizadores para sua conquista. Uma foi diminuir a pressão pelo resultado pois tinha voltado de mãos vazias por 2 anos consecutivos. Focou em simplesmente correr e deu certo: além da ganhar, bateu o recorde da prova.
E a outra traz uma nova perspectiva para a questão que o Luiz Oliveira levantou aqui no blog. Segundo o Jim, ele não forçou sua alimentação, coisa que o fez quebrar em 2017 por conta dos vômitos. Foi comendo conforme sentia necessidade ao longo dos 160 km e cuidou muito bem do “overheating” por conta do calor que fez.
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Esta regra já vem da Bíblia: Provérbios 26:4-5
“Não responda ao insensato com igual insensatez, do contrário você se igualará a ele. Responda ao insensato como a sua insensatez merece, do contrário ele pensará que é mesmo um sábio.”
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