Leituras de 2a Feira

A ESPN publicou sua lista dos 100 atletas mais famosos do mundo. Com a aposentadoria de Usain Bolt e sem competições major esta temporada deve ser a primeira vez em anos que o atletismo não tem representantes.

Dias atrás eu corri o melhor 10km do país, o da Tribuna FM em Santos (SP). Quando eu chegava por volta do 7km eu vi à minha frente um atleta que não corria um quarteirão sem checar o seu GPS no pulso (com certeza checando o ritmo). Ao final da prova fui falar com seu treinador, amigo meu. EU já sabia antes de perguntar qual o ritmo que ELE fez a prova (sendo que eu perdi umas 3 ou 4 placas). Esse atleta checou mais vezes o ritmo dele naqueles 3km do que eu chequei o meu em 3 semanas. Correr olhando o GPS é como você jogar boliche no escuro tendo um “treinador de assessoria” com óculos especiais dizendo quantos pinos você derrubou, sem lhe dar qualquer outra informação adicional, feedback, retroalimentacão. Isso pode até parecer uma ideia brilhante, uma maravilha tecnológica de óculos ou mesmo de prestação de serviço. Mas é algo estúpido, burro. Um simples acender nas luzes resolveria tudo. Segundo o treinador Matt Fitzgerald, existem qualidades psicológicas distintas que determinam nossa melhor capacidade de ditar o ritmo em uma prova. Porém, ele continua, “é que a insistência no uso de engenhocas modernas (os gadgets) distraem a atenção dos corredores de seus corpos, criando uma dependência de retroalimentacão externa que mais entorpece a sensibilidade ao esforço percebido e vincula corredores a limites artificiais”. Nessa mesma prova (perdões por fazer esse texto parecer sobre a minha pessoa, não é isso!) eu encontrei um amigo, corredor bem experiente, que disse que NUNCA na Tribuna havia conseguido passar o primeiro quilômetro abaixo de 4 minutos. Eu disse: então me acompanhe que eu vou te deixar lá em menos que isso. 1km em 3’59”, era o que ele queria. Sem gadget, apenas cronômetro checado na largada e na placa de 1km. É tentador correr com o GPS dando essa informação, momentânea, mas usá-lo é obrigatoriamente deixar de usar o MELHOR equipamento que temos: nossa cabeça. Todo corredor deveria ser OBRIGADO pelo seu treinador a correr sem relógio alguma vez na semana. Falei tudo isso apenas para recomendar esse texto com entrevista sobre o assunto!

A Citius Mag faz uma recapitulação das histórias por trás de cada famosa camiseta que Steve Prefontaine usou durante sua breve e meteórica carreira.

Sempre que vejo a história de atletas que desertam suas delegações em competições internacionais fico me perguntando o que acontece depois. Lógico que fugindo de Cuba, Coreia do Norte ou de alguma ditadura africana é improvável que a vida piore (ainda mais quando as deserções parecem ser mais comuns ou desejadas em países do primeiro mundo). Eis que o The Guardian publica uma história incrível, de tirar o fôlego! O velocista Jimmy Thoronka de Serra Leoa, após correr o 4x100m no Commonwealth Games, decidiu ficar no Reino Unido ilegalmente, buscando asilo e, obviamente, uma vida melhor. 3 anos depois o encontram como um sem teto na fria Londres. O que fazer???

5 pensamentos sobre “Leituras de 2a Feira

  1. Sobre a lista dos atletas:

    1) Impressionante o número de jogadores de futebol. Definitivamente os norte-americanos acordaram para a importância do “soccer” no esporte mundial. Não faz tanto tempo assim uma lista dessas feita nos EUA só teria o Cristiano Ronaldo e olhe lá.

    2) Sharapova em 21º? Interessante porque não vejo ela dominando mais as manchetes como antigamente, pelo menos na Imprensa brasileira.

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  2. Júlio César disse:

    Fiz um treino de ritmo em uma prova em Curitiba no sábado à noite.

    Meu objetivo era entre 4:10 e 4:15.
    Dei uma olhada no GPS no primeiro quilômetro e marcou 3:57.
    Estava friozinho o percurso era plano e estava bom para correr, mas eu não queria fazer perto de 4’00.

    Fui ajustando o ritmo e não olhei mais para o GPS até o final.
    Fechei 9 km com 37’24”, média de 4’09”.

    Aliás acho que quem faz mais treinos de pista tem mais facilidade para saber o ritmo. Nos tiros a gente aprende a dosar o ritmo. Quem socorre na rua e com GPS não consegue ter essa sensibilidade.

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  3. Antal Varga disse:

    Balu, depois de ontem o Lebron James teria que ser o 1º e não sei o que faz o Kyrie Irving nesta lista pq ficou praticamente a temporada inteira no “estaleiro”.
    Ahhh os gadgets…. até a Maratona de Floripa 2017 eu usava meu celular (num armband) com o Runkeeper e era doente por registrar tudo, achava que era importante.
    Só que no dia da corrida, ao final, ele “inundou” devido ao suor acumulado na prova e de tantos treinos e pifou. Resultado: tomei um prejuízo considerável mas, decidi me libertar dessas coisas e voltar a correr do jeito quando comecei. Sem muitas preocupações com calçados, gadgets, nutrição específica etc etc.
    Sou bem mais feliz agora… ignorance is bliss.

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  4. paulaferreira disse:

    Never without my data! 😀

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  5. Tenho tentado fazer mais treinos sem GPS e, assim, melhorar um pouco minha percepção de ritmo…

    Ainda é difíííííícil… Mas vamos seguindo, um dia, chego lá! 🙂

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