BOSTON
Sim, estou atrasado com uns textos, mas por causa da Maratona de Boston vou adiantar aqui 4 links antes de falar mais sobre as duas últimas semanas. O primeiro deles é sobre Yuki Kawauchi. Não sei qual o melhor texto sobre a carreira incrível desse atleta mais do que incrível, talvez o maior dos samurais, o maior dos guerreiros atuais que pode existir mundo afora na Maratona. Em todo o planeta. Então separei este da Spikes que é de 2015, mas ainda vale ser lido. Quando postei aqui no Blog Recorrido ele ainda não era o recordista mundial de sub-2h20 (78 vezes) nem competido no Mundial de 2017. Kawauchi correu 8 maratonas desde novembro e desde 2009 fez 80 maratonas. Uma máquina e competir forte!
A vitória de Kawauchi foi FANTÁSTICA, mas ainda em 1951 outro japonês teve uma vitória marcante. Aqui o longo, mas obrigatório texto que fala quando um sobrevivente da bomba atômica de Hiroshima atravessou o oceano para vencer a mais tradicional das maratonas.
Por fim, a primeira vitória de uma americana desde 1985, de Des Linden foi emocionante, mas para mim a história mais especial desta 2ª feira foi o segundo lugar da também americana Sarah Sellers. Sellers é amadora (enfermeira), pagou a própria inscrição, era uma completa desconhecida! No The Wall Street Journal um perfil dela e detalhe de sua conquista quase inimaginável!
Um vídeo teaser da Maratona de Boston. Agora só em 2019! *dica da Paula Ferreira!
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Tal qual muito bem disse Ross Tucker: muitas pessoas simplesmente acreditam (em qualquer coisa). Vivemos em uma época, como na política brasileira, que não importa a quantidade de depoimentos (que não podemos chamar de evidências), as pessoas simplesmente preferem acreditar, elas precisam ter fé. Para isso, abrem mão de qualquer argumento (“ele é católico”, “ele é motivado”, “ele defende os pobres”, “nunca o vi roubar”…). O ser humano é maluco e justifica sua opção, qualquer que seja ela. Seja no esporte, seja na política, seja para tudo. Só isso explica como tanta gente no esporte “passa o pano” para o Alberto Salazar como mostra essa bela matéria do Boston Globe.
Um texto muito interessante de Alex Hutchinson explica as mudanças sutis entre treinar sozinho e acompanhado no que diz respeito à nossa maior capacidade de tolerar desconforto e aguentar maiores cargas.
Balu, eu sabia que vc iria postar sobre esse fato ! E por conta disso, já fui pensando em meu comentário desde ontem.
Eu diria que a vitória do Yuki Kawauchi foi muito mais do que fantástica, foi épica ! Sabe por que ?
Porque acredito que existe um abismo entre os profissionais e os amadores. Veja nas Olimpíadas, quem é que rouba a cena, que é tietado inclusive pelos outros atletas ? São os profissionais da NBA, os “futeboleiros” que jogam nos grandes times da Europa. Até rola alguma tietagem com os atletas dos esportes que praticamos mas, é bem mais restrito.
O ilustre japonês é uma pessoa como nós, não o que os profissionais não o sejam mas, ele é um de nós, entende ?
E tem mais, enquanto os profissionais estão trabalhando treinando para ter resultados ele está trabalhando sendo bedel e tendo que dar resultados. E depois quando os profissionais estão descansando etc, ele está treinando para ter resultados. Isso é ser amador de verdade, o cara ama o que faz como hobby. E amor não é paixão.
Então, esta vitória é uma saudação à todos nós amadores, não importando se estamos lá cutucando a elite com um sub2h20min ou se estamos participando do walking dead lá no final da prova.
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Só não entendi como a Sarah Sellers correu com o número de elite (nome ) e largou na elite. Se tem um tempo de qualificação X já te dá direito de sair na elite? É isso?
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A organização estabelece um tempo mínimo para a pessoa sair na elite. Se vc o tiver, pode pedir pra sair, mas isso não te garante que vc possa sair, nem que esteja isenta de taxa e mto menos que ganhe cachê. O número de interessados supera as vagas em uma major.
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Então ela tem um histórico de ser uma corredora com tempos bons… pelo menos para poder ser aceita na Elite. O que quero dizer é que quando a notícia vem, já ouvimos um monte de gente já dizendo ou imaginando que ela estava lá sem fazer nada, de repente resolveu correr porque o irmão ia correr, foi lá e ganhou. Não sei porque, as pessoas gostam de histórias assim, de pessoas que (elas imaginam) do nada um dia resolvem levantar do sofá e ganham. A historia é muito boa, mas tem muita gente que entende de uma outra maneira, talvez por se sentir em um nível mais próximo dessa pessoa…
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Ah sim! As duas enfermeiras (a vice e a 5a no tempo líquido) têm histórico..
Uma já correu acho que 10 maratonas, a outra 3… Ambas tiveram um histórico de atletismo competitivo no universitário… Quem não conhece o esporte acha que é alguém que fazia academia, corria na esteira e resolveu derrotar alguns dos melhores do mundo.
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A 5a colocada sim, é uma amadora que largou depois, no pelotão amador. Acho que só esse ano isso aconteceu…
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Interessante o texto sobre treinar sozinho ou acompanhado. Realmente faz muita diferença
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aí fica a dúvida. somos seres biologicamente, competitivos ou cooperativos? ou ambos?
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Rafael, eu acredito que somos colaborativos, ou cooperativos como queira. Isto foi crucial para nossa sobrevivência como espécie, veja a Teoria do Homem Corredor. Competir não nos é natural, tanto que precisamos aprender e perceba no seu entorno aquele cidadão ou cidadã extremamente competitivo(a). Ele ou ela não agem naturalmente, é um esforço. E para colaborar é tão mais simples e prazeroso. Sou suspeito, pq trabalho em coworking e meu negócio só se desenvolveu pela colaboração e cocriação. Abs.
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Interessante o fato do japonês voador não pertencer a nenhuma corporação o que praticamente o tira da lista de patrocínios da Federação Japonesa….e da segunda colocada, uma enfermeira que não tem patrocínio algum.
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A 5a (tempo líquido) tb é enfermeira e amadora
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Escrevi lá em cima e só agora vi esse comentário…. sim, e ela largou no pelotão amador… se acontecesse por acaso de uma amadora ter um tempo líquido menor do que a primeira (não impossível…este ano) como seria?
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Segue o jogo… a premiação é sempre em fção de quem chegou na frente (bruto), o tempo líquido é mera formalidade. A regra do esporte é soberana nesse caso.
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