Quantas variáveis de medição de treino (volume e intensidade) um amador pode contar atualmente sem ter que vender o próprio rim? Sem fazer uso de tecnologia temos: volume semanal (em quilômetros), frequência cardíaca (FC) e velocidade (exige cronômetro e alguns neurônios). Com tecnologia você tem tudo isso (instantaneamente e sem fazer contas), mas pode contar ainda com potência, cadência, lactato, altimetria, umidade… Aí os pesquisadores saem descobrindo que o ritmo de respiração é o que melhor determina a intensidade do exercício. É frustrante para quem compra brinquedos que custam 4 dígitos e acham que tecnologia é essencial. Não é nenhuma novidade para quem sabe que treinador precisa ter apenas um cronômetro vagabundo. Para isto basta ler um dos textos mais brilhantes que a Runner´s World já publicou. Ele é de 2014 e fala sobre o lendário treinador húngaro radicado nos EUA. Mihály Iglói costumava orientar seus (muitos) tiros sem velocidade, mas muita coisa baseada na percepção (como forte, muito forte, moderado…) tudo sem sequer cronômetro! A frequência de respiração era sua métrica.
Off-topic: Treinamento na Swiss Ball (ou no bosu, na prancha de instabilidade, etc.) é treinamento circense. Ou ainda: há uma tendência na indústria do fitness que acaba entregando que quanto mais incompetente o treinador, mais estranho e complexo é seu treinamento. Vale para a corrida.
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Off-topic 2: Eu tenho enorme dificuldade em aceitar teorias da conspiração. Mas vou contar um causo com testemunhas. Uma marca de suplemento fazia promessas com seu principal produto. Um laboratório de uma universidade comprou uma briga para derrubar um dos slogans. Conseguiu. O que a empresa fez? Um congresso e chamou o chefe do laboratório para ser palestrante sobre os benefícios do produto.
Trabalhando na indústria você descobre que o jeito mais fácil de comprar alguém não é o pagando para falar bem. Mas você paga uma ninharia para fazer alguns pararem de falar.
Se você abrir as diretrizes sobre hidratação da Sociedade Brasileira de Medicina do Esporte você verá que o apoiador é um fabricante de isotônico. Um dos coeditores é/era/foi consultor da marca. Ao menos 2 dos participantes também. Um deles diz que é OK beber refrigerante (*tem laços com empresa de refrigerante), que o problema é o balanço calórico. O outro diz que “a bebida esportiva pode e deve ser usada durante e após qualquer atividade física, inclusive caminhada, mesmo com duração inferior a uma hora“.
Ele ainda é consultor de um portal de corrida. Tem gente que chama de pesquisador, eu chamo de vendedor.
É difícil competir com essa gente. É complicado competir quando você tem que sugerir NÃO beber quando há gente e revista e portal de corrida sendo paga justamente para sugerir o oposto.
O belíssimo texto que trago sobre esses vínculos é um exemplo. Mas não espere revista que tem anúncio ou treinador que tem patrocínio de isotônico achar o conteúdo dos melhores…
Cara, que ouro esse “joio e trigo”. Obrigado por compartilhar!
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Interessante mesmo o texto do Joio e Trigo. Mas é interessante tambem quando voce vai ver o “Quem Somos” e nota que ois autores são egressos de veículos como Caros Amigos. Confesso meu cuidado pré-concebido (pode chamar de preconceito, se quiser, eu não ligo)
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Acho que tem um “estadunidense” ali que me incomoda num grau
…. =/
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