Às vezes passo por uns dilemas, confesso… estou falando 100% sério… eu me pergunto “será que só eu que não consigo sentir tudo isso que esse pessoal sente quando experimenta um novo modelo de tênis?”. Eu praticamente não assisto vídeos de canais de corrida. Mas daí alguém vem e fala em “tênis para correr em esteira” (não é indireta ao Eduardo Suzuki, admiro o trabalho dele no Tênis Certo, ele sabe disso). Mas daí leio os comentários (OK, o erro é meu de ler comentários de YouTube) e vejo corredores que falam em responsividade, em amortecimento, em controle da pisada, em grip, em respirabilidade… Meu Deus… valem duas regras gerais: quanto mais lento o corredor ou quanto menos vezes ele corre semanalmente, maior essa sua sensibilidade. E a segunda: quanto mais complexa a palavra, mais abstrato e mais maleável é seu conceito. O próprio amortecimento é um dos conceitos que a indústria vendeu ao público porque ninguém o mede. Virou uma entidade que acredita quem quer. Você diz que o modelo X amortece e como não tem como provar (que existe ou não existe), o YouTuber lê o release (a fonte técnica de 99% deles, é mais ou menos como perguntar à minha mãe uma lista dos 5 melhores filhos do planeta) e ele dirá que esse novo tênis X da marca Y “oferece mesmo muito amortecimento”. Não reduz lesões, não tem como provar que haja amortecimento, mas se a fabricante falou, não deve ser mentira, né!? É uma ingenuidade que desafia a inteligência. Até controle de movimento é mensurável (e não, os tênis não controlam nem reduzem as lesões, mas dane-se, vamos na FÉ). Então volto à minha elocubração: esses pangarés realmente sentem tudo isso quando experimentam? Um longo tempo atrás, quando trabalhei no revezamento SP-Rio Nike 600, durante a escolha dos tênis por parte dos participantes eu conversava internamente e arriscava falando dos envolvidos dizendo: repare, os mais lentos, os mais pangarés, vão experimentar os diferentes modelos e vão ter opinião detalhada sobre cada um deles. Os atletas mais rápidos vão pegar um, colocar no pé e pronto. Eu acho de verdade que o que separa um bom corredor de um pangaré é que o mais rápido sabe o que é importante. A corrida para esse pangaré é coadjuvante, a camiseta de poliamida que transpira melhor e o tênis mais responsivo de drop 5mm, de grip maior e pisada mais controlada é que fará dele um melhor corredor. Eu não consigo sentir absolutamente nada disso e me culpo às vezes. 100% sério. Falei tudo isso para colocar um texto do The New York Times sobre se gadgets nos farão competir melhor. A verdade é que corredor lento comete outro equívoco: confunde dado com informação. Eles acham que saber FC, sudorese, cadência (não faço IDEIA da minha) e ritmo a cada 200m é importante. Na verdade importante é quem chega na frente. Maior a atenção que você coloca no que vai no seu pulso (ou no seu pé), menor a atenção que você coloca no seu corpo, a máquina que REALMENTE importa.
****
O canal Autoridade Fitness fez um curto vídeo com um resumo da base das ideias em favor da corrida descalça e/ou do minimalismo. Mas o YouTuber que ganha tênis vai dizer que os cientistas da NASA (todos usando jaleco) provam que o novo modelo de R$1.000 pelo qual ele não pagou absorve impacto e “corrige” a pisada. Busquem conhecimento!
Muito bom este artigo. Os corredores amadores como eu precisamnse policiar para não valorizarem mais a embalagem que o conteúdo. Tênis, roupas e aplicativos podem sim no auxiliar, mais o mais importante somos nós e nossa prática esportiva.
Sou da opinião que o que realmente conta na escolha final de um tênis é o conforto proporcionado, item que também varia de individuo para indivíduo.
CurtirCurtir
Durante alguns meses estava correndo com um Skechers GoRun Ultra 2, e o tenis tem uma boa relação peso/conforto! Mas invariavelmente eu terminava as corridas mais lento e cansado, e não demorou para perceber que o amortecimento era excessivo. Em terreno plano e descida tranquilo, mas dependendo a inclinação, parecia alguém me segurando. Certa feita então comprei um Skechers GoRun Ride 4, que seria o intermediário da marca. Durante 4 ou 5 corridas eu percebi minhas panturrilhas estranhamente doloridas, ou seja, o amortecimento extra do Ultra estava agora de volta às panturrilhas. No momento estou correndo apenas com o GoRun Ride 4, e minha velocidade no geral teve um belo “up”. Peso 87 kg, e testei tenis com menos amortecimento, e o fato é que meus pés ficavam bastante doloridos apesar de correr utilizando a parte um pouco mais a frente do meio pé. O fato é que deixar a cargo do tenis todo o “trabalho” é um erro principiante estimulado pelas marcas. Com o tempo o corredor tende a encontrar um modelo que lhe agrade em termos de desempenho e conforto.
CurtirCurtir
Durante alguns meses estava correndo com um Skechers GoRun Ultra 2, e sempre achei o tenis com uma boa relação peso/conforto! Mas invariavelmente eu terminava as corridas mais lento e cansado, e não demorou para perceber que o amortecimento era excessivo. Em terreno plano e descida, tranquilo, mas dependendo a inclinação, parecia que alguém estava me segurando. Certa feita então comprei um Skechers GoRun Ride 4, que seria o intermediário da marca. Durante 4 ou 5 corridas eu percebi minhas panturrilhas estranhamente doloridas, ou seja, o amortecimento extra do Ultra estava agora de volta às panturrilhas. A minha postura também havia mudado ligeiramente. No momento estou correndo apenas com o GoRun Ride 4, e minha velocidade no geral teve um belo “up”. Peso 87 kg, e testei já vários tênis com bem menos amortecimento, e o fato é que meus pés ficavam bastante doloridos, dependendo a distância, apesar de correr utilizando a parte um pouco mais a frente do meio pé. O fato é que deixar a cargo do tênis todo o “trabalho” é um erro principiante, inclusive estimulado pelas marcas. Com o tempo o corredor tende a encontrar um modelo que lhe agrade em termos de desempenho e conforto, e o tênis assume seu papel de coadjuvante e jamais de protagonista.
CurtirCurtir
Você está ERRADO (de novo) Tem uma coisa super importante no tênis: o preço. Tênis que custa mais de 250 paus causa problemas.
CurtirCurtir
Pior que há mesmo essa associação rsrs
CurtirCurtir
Beleza, nenhum tenis evita, controla nem reduz lesão, concordamos. Mas que existem tênis que CAUSAM lesões, isso existe.
CurtirCurtir
Balu, kkkkkkkkk, vc ainda não viu o pré mkt do novo nike, com xx % mais não sei o quê… é tanta informação que eu acho que vem até um par de tênis na caixa kkkkkkkkkkk.
CurtirCurtir
Um manual de instruções….
CurtirCurtir
Balu, https://www.youtube.com/watch?v=M04BfA0Md3Q para o final de semana, 7 caras abaicode 2´05´´ em Dubai. Bom Final de Semana.
CurtirCurtir
Tênis não gosta de correr. Sempre chamava-o para os treinos mas ele não queria, ficava parado dentro do armário. Eu tinha que amarrá-lo aos meus pés para obrigá-lo a treinar comigo. Um belo dia desisti de forçá-lo. Continua lá dentro do armário, sedentário!
Brincadeiras a parte, mas ainda no tema, eis um artigo “saindo do forno” para você e seus leitores se divertirem:
http://journals.plos.org/plosone/article?id=10.1371/journal.pone.0191688
CurtirCurtido por 1 pessoa
Não tem a ver com tênis, mas isso me lembra uma vez que li de um corredor amador a seguinte pérola sobre o Haile, que na época era recordista mundial:
“O Haile não tem técnica, corre meio torto, pista com o calcanhar.. bla bla bla ..”
Pois é, o multicampeão e recordista mundial não tinha técnica, e quem tinha técnica era ele mesmo ou seu treinador de assessoria que corre no máximo a 4´00″ min/km…
CurtirCurtir