De Split Positivo e Organização Porca de corrida

No The New York Times: o que a Meia Maratona nos ensina sobre correr Maratona.

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Barry Smith é um irlandês que gosta de mexer com estatísticas de maratonas de amadores. Ele faz uma análise da prova de Chicago de dias atrás. Dentre várias curiosidades uma é sobre nós brasileiros: tirando os donos da casa e os vizinhos canadenses e mexicanos, apenas chineses nos superaram em concluintes. Superamos até os britânicos, grandes corredores, mas que não precisam atravessar um oceano para achar muita prova boa.

E outra que sempre falo: split negativo é tara de treinador. Apenas 5% o fazem, ou seja, correm a 2ª metade mais rápido que a primeira. Quando analisamos as marcas vemos 2 padrões bem esperados que se repetem em TODA grande prova fria e plana como essa americana. O padrão mais facilmente aceito a Psicologia explica: homens são levemente mais agressivos que as mulheres na 1a metade da prova (quebrando mais ao final).

O segundo é duro de treinador de assessoria engolir ou aceitar, mas a Fisiologia explica: Maratona para amador é com split positivo, ou seja, a 2a metade dos 42km mais LENTA. Mesmo quando você observa os melhores amadores você vê que eles também fazem split positivo.

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Domingo de feriado fui na Meia da Track & Field etapa Shopping Eldorado (SP). O preço é alto, mas o serviço técnico é porco, ainda que seja uma prova muito cara. Quando eu era moleque já organizei pega-pega mais organizado. Vi lá não foram poucas pessoas felizes ao cruzarem a linha e de repente murcharem ao verem que o recorde se esvaía porque quando você compra 21km dessa gente, eles entregam menos.

Exceção? Não, método. A Latin Sports e a Ativo têm métodos que são o de tentar quando podem ludibriar seus consumidores. É antiga a fama entre corredores que as provas da T&F são rápidas “pra tempo” porque eles nunca entregam o que promete a distância vendida. Como disse, é antiga a fama… Já a Ativo tunga até os idosos, como já falamos aqui… nenhuma novidade.

Aferir percurso é um custo IRRISÓRIO na organização de corridas de rua, como mostra o trabalho jornalístico do Corrida no Ar na voz de Sergio Rocha abaixo.

O Sergio é, aliás, para desespero de quem não gosta dele por ser o maior canal, dentre TODOS que trabalham nesse mercado, o ÚNICO cara que tem “skin in the game“. Dá nome aos bois, defende quem o assiste, não quem faz trabalho pela metade e cobra integral como as duas organizadoras.

Os demais? Aí é outro método. Aprendi no mercado que o melhor jeito é você comprar o silêncio e a crítica dos “influencers”. Distribua cortesias, colunas, mimos e voilà. Você não vai encontrar NENHUMA crítica à essa prática TÃO comum que não venha do canal. Seja porque o influencer não entende do gingado, seja porque ele foi silenciado.

Triste. Estamos mal…

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29 pensamentos sobre “De Split Positivo e Organização Porca de corrida

  1. Hélio Shiino disse:

    “No The New York Times: o que a Meia Maratona nos ensina sobre correr Maratona.” (Danilo Balu)

    Off-topic.
    Se existe a tal da “Muralha” no Km 30 da Maratona como muitos dizem, será que também existe alguma “Muralha” equivalente na Meia Maratona??? (Pensando em Voz Alta…)

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    “Aferir percurso é um custo IRRISÓRIO na organização de corridas de rua, como mostra o trabalho jornalístico do Corrida no Ar na voz de Sergio Rocha abaixo.” (Danilo Balu)

    Pergunta:
    TEORICAMENTE, a fim de que tenhamos a certeza de que o percurso da prova foi aferido, deve constar no Regulamento da Prova a menção de que: “(1) tem chancela da CBAt e (2) o percurso foi aferido” ???

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    Eu NUNCA vi qualquer pessoa da Organização de qualquer Prova executando a aferição do percurso!
    Eu NUNCA vi uma Blue Line! (Aliás, ter a Blue Line é um privilégio exclusivo da Maratona??? Se positivo, então é por isso que eu nunca vi uma Blue Line!)
    É possível que algumas provas estejam sendo “aferidas” através do “Instrumento de Alta Precisão” chamado “Google Maps”???

    ==========
    Um Grande Abraço para o Sergio Rocha,

    Hélio Shiino
    Rio de Janeiro – RJ

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  2. De novo sobre “splits”?!?!? Rsrsrssrs Acho que vale lembrar que Chicago esquentou bem esse ano e o final da prova lá é o trecho mais duro, mais vazio e com pouca sombra. Isso ajuda ter ainda mais splits positivos nessa análise , não por estratégia mas por quebra mesmo. E nada garante que se a maioria faz é o melhor, né??
    Já vi outras análises do Barry Smith que ele defende como melhor estratégia algo mais próximo do constante, seja levemente positivo ou negativo, acho que é por aí…

    ——————————————————-

    Sobre a T&F, tenho amigos que adoram… Querem fazer uma agora em Dezembro pra confraternizar o final do ano e tomar um café depois mas essa questão da distância + preço me dá vontade zero de correr. Acho que vou só pro café….rsrsrsrrs

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    • Eu li agora a análise dele sobre Chicago, gostei do gráfico que mostra a diferença de splits entre os BQs e os não BQs…

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      • carlosfeoli disse:

        Tenho outra dúvida sobre o splits:
        “Apenas 5% o fazem, ou seja, correm a 2ª metade mais rápido que a primeira.”
        Tem como saber se esses 95% fizeram o seu melhor tempo? OU apenas um bom tempo?

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  3. Julio Cesar disse:

    Uma vez fui todo animado pra correr a distância de 5 km na TF Center Norte.
    Corri forte pra caramba esperando fazer um dos meus melhores tempos.

    E realmente fiz, pq a prova não tinha nem 4.700 mts.

    Foi aí que começou a minha desilusão com distâncias em provas de rua.

    Passei a considerar meu melhor tempo somente em provas de pista.

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  4. Luis Oliveira disse:

    Eu tenho uma ENORME prevenção contra a qualquer certificação/aferição/regulação. Achar uma distancia de 5K ou 10K razoavelmente correta não é tão difícil e com um poquinho de boa vontade, qualquer tonto consegue fazer. Não acho que precisa chamar a CBAt ou a federação local pra fazer isso. Aliás, não conheço os aferidores oficiais, mas se os serviços prestados por federações e confederação esportivas que eu já usei forem alguma indicação, acho até melhor não chamar.

    Isso dito, não há desculpa razoável para não entregar os 5/10 km prometidos. Nenhuma.

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    • Julio Cesar disse:

      Quanto ao serviço de aferição, ele é feito e assinado por aferidor oficial, que se responsabiliza pessoalmente.

      Se é aferido, pode ter certeza que distância está correta.

      Vale lembrar que pode acontecer (e já aconteceu) de a organização da prova alterar algum ponto do percurso no dia da prova, seja por erro ou força maior, aí naturalmente a aferição não vai valer,

      O percurso aferido fica registrado em um mapa.

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    • Danilo Balu disse:

      É safadeza o nome. A Iguana, por exemplo, por vezes contrata um medidor que tb trabalha para a federação para medir as provas sem chancela. É uma boa saída que mantém a credibilidade (eu o conheço e sei da competência dele) sem cair no pedágio de xupim.

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      • Luis Oliveira disse:

        Exatamente. É importante não cunfundir os problemas. Não ter certificação é irrelevante. Não ter a distancia correta é MUITO relevante. Quem mede, se fizer um trabalho correto, absultamente não faz diferença.

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      • Danilo Balu disse:

        Perfeito!

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  5. Kagyn disse:

    Há duas semanas teve o 21k SP da Ativo/Norte (que como já várias vezes mostrado não é uma meia), e eu tinha comprado através de um grupo de corrida. Dias antes da corrida comunicaram q os kits da corrida haviam se esgotado (camiseta, boné…) e que os grupos receberiam apenas n° de peito.
    Devolução dos valores pagos? Nenhuma menção…

    Este mercado está cada vez mais complicado, agora até overbooking estão praticando.

    Eu já tinha decidido não correr mais corridas da Yescom, agora da Norte/Ativo, a T&F sempre foi uma piada…
    A Iguana continua entregando o que vende, vamos ver até quando.

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    • Danilo Balu disse:

      Pra mim sempre Yescom entregou! Sempre!

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      • Salvo a SS, a Yescom entrega o que promete: preço baixo (para os padrões da concorrência) e kit sem frescura, com organização OK. De novo, excluindo a SS, que é uma zona. Prefiro uma prova com distância correta do que um kit com 5 barrinhas de cereal, caneca térmica e meia esportiva: corri a TF Eldorado e aquilo só tinha 21K se os caras mediram pelo caminho mais longo possível. Pelo menos bati meu PR de um jeito que seria PR mesmo se tivesse 21.097m…

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      • Julio Cesar disse:

        Lembrando que as provas da Yescom, salvo engano, são todas aferidas. A maioria esmagadora das provas de outros organizadores é com distância estimada.

        ***
        Falando em comprar e não receber: Este mês me inscrevi (e paguei, não era grátis) pra correr uma prova de 5 km aqui em SC, e na retirada do kit fiquei sabendo que a prova não tinha nem número de peito, nem classificação final. Entregaram apenas uma camiseta e uma pulseirinha pra gente pegar umas barrinhas de cereal no final da corrida.. rsrs..

        Foi a primeira corrida sem número de peito que eu vi.

        Nem me estressei, prova pequena é assim mesmo, e eu só fui pra treinar. Pelas minhas contas cheguei em 7 no geral, mas não tem como ter certeza.. hahaha

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      • Danilo Balu disse:

        Economizar no número de peito é demais…..

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    • Kagyn disse:

      Ah, da Yescom sempre recebi tudo, só não gosto da organização mesmo. Esse overbooking da Ativo foia primeira vez que aconteceu, nem em prova de associação de bairro vi isso de vender e não entregar.

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  6. carlosfeoli disse:

    Tenho uma dúvida sobre o splits:
    “Apenas 5% o fazem, ou seja, correm a 2ª metade mais rápido que a primeira.”
    Tem como saber se esses 95% fizeram o seu melhor tempo? OU apenas um bom tempo?

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  7. Hélio Shiino disse:

    O fato é que, sempre ocorre reclamações a respeito do percurso ter menor ou maior metragem em cima do que é divulgado – salvo a margem de erro para menos ou para mais – porque isso está sendo possível por conta do advento e a massificação do uso do GPS portátil.

    Agora, olhando para trás…
    … imaginem quantos de vocês correram na “Era da Incerteza” durante o Período “Pré-GPS”…
    O camarada até poderia suspeitar, mas não tinha em mãos, o mínimo de provas.
    Acho que nem passava pela cabeça do corredor amador esse tipo de erro grosseiro até mesmo porque não tinha a tecnologia acessível para “auxiliá-lo” a ficar encucado.

    Análogo aos casos de doping, imaginem se tivesse que “passar uma borracha” em TODOS os seus Recordes Pessoais obtidos durante o Período “Pré-GPS”…
    (Brincadeira tá?)

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    • Danilo Balu disse:

      aí tem um porém…. antes os corredores eram em média mais experientes… vc acabava a prova e tinha aquela chancela informal… no final sempre havia um consenso se tinha 10km ou não. Hj os corredores correm menos e 100% do tempo de GPS, perdem essa capacidade.

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  8. Rafael disse:

    como sabemos se foi feita a aferição de uma prova?
    sempre consta no regulamento da prova?
    consta no site da cbat? pq não encontrei nada lá

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  9. […] Ontem falei brevemente de como (mais) números da Maratona de Chicago vêm dar suporte à ideia de como o split POSITIVO, ou seja, a primeira metade da prova MAIS veloz que a segunda, seria a MELHOR abordagem estratégica aos maratonistas amadores. […]

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  10. Leandro Rizzi disse:

    Balu, falando com um amador profundo que busca tempos como 3:45, 3:50 como eu: será que a segunda metade da maratona em tempo inferior a primeira tb não encontra explicação na questão de se resguardar o suficiente para conseguir terminar a prova sem quebrar. Menciono isso pois, involuntariamente, em minha ultima maratona, cujo contexto foi de temperatura média/alta e percurso não plano (Foz), fiz um split negativo exatamente por segurar a onda no inicio temendo que faltasse gás no final.

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  11. leandrorizzi disse:

    Balu, falando com um amador profundo que busca tempos como 3:45, 3:50 como eu: será que a segunda metade da maratona em tempo inferior a primeira tb não encontra explicação na questão de se resguardar o suficiente para conseguir terminar a prova sem quebrar. Menciono isso pois, involuntariamente, em minha ultima maratona, cujo contexto foi de temperatura média/alta e percurso não plano (Foz), fiz um split negativo exatamente por segurar a onda no inicio temendo que faltasse gás no final.

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