Steve Magness em seu blog explica que nossa tara por tempos (e recordes) está matando o atletismo. Esse texto não vem muito tempo depois da Maratona de Londres. Lembro que na ocasião vi gente que escreve em revista brasileira dizer que o recorde mundial não caira por distração e que havia um trecho mal medido. Isso navega entre a desinformação e a ignorância, pois recordes mundiais são algo fora da curva, não algo controlado. Além disso, falar que um trecho estava mal medido é achar que a medição em uma major é feita no olhômetro. Não consigo achar que esse tipo de análise saia disso, muita, mas muita desinformação.
Ainda não consigo não achar que os Jogos Olímpicos no Brasil são uma incrível piada de mau gosto. Um país que não tem metade da população com rede de esgoto resolveu fazer estádios bilionários e elefantes brancos para esportes nunca praticados. Não sabemos sequer olhar ao passado que evitaria sediar uma estrovenga dessas. Algo sintomático é que atletas olímpicos foram preteridos no trajeto da tocha e foi preciso um ato de Joaquim Cruz para reparar nossa tamanha incompetência ao chamar, por conta própria e atravessando o protocolo, atletas inexplicavelmente esquecidos.
Off-topic: eu sou um enorme partidário de que o aleatório é que governa nossas vidas. Temos controle de pouquíssimas coisas, ainda assim, a confiança exacerbada enxerga méritos onde há apenas muita sorte. A corrida é cheia disso. A pessoa vê uma marca pessoal como resultado puramente de seu esforço, atropelando e ignorando a sorte. Mais do que isso, diminuir seu peso, nos faz pessoas menos altruístas. Não há nada de corrida neste texto da The Atlantic, mas ele mostra como nossa mente é complexa e previsivelmente irracional.
Pela primeira vez em muito tempo caiu (-9%) o total de concluintes em corridas nos EUA. Isso foi devido à queda principalmente entre os de 18 e 34 anos. Estes estão migrando para outras atividades, não para o sedentarismo. Ao menos é o que leva crer matéria do The Wall Street Journal.
Uma lista de 11 filmes inspiradores de trail. Não é à toa que a Salomon Running Series aparece forte nela! *dica do Alê Augusto.
Triste ver o pais às moscas, sobretudo o Rio de Janeiro, e paralelo a isso a pompa e circunstância das cerimônias de inauguração de arenas dos jogos. Muito triste!
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Também sou partidário de que o aleatório é que governa nossas vidas.
Já leu The Drunkard’s Walk(O Andar do Bêbado) de Leonard Mlodinow? achei sensacional!
Abraço
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Gostei demais!
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Aprendi há pouco tempo com esses jogos que o que se reveza é a chama e não a tocha…não sei porque, nunca havia percebido isso. Depois de saber disso fiquei mais perplexa com os números….12000 condutores??? Então são 12000 tochas??? E sendo 12000, conseguiram deixar esses e tantos outros de fora? Ingenuamente, sempre imaginei uma tocha só carregada por muito menos pessoas até o destino final. Nunca imaginei essa festança toda, esse auê todo, um monte de gente nada a ver, um monte de tocha. Imaginava uma coisa bem mais simples, curta e objetiva, atletas e ex atletas carregando. Fiquei triste com essa descoberta. Hoje mesmo no clube tinha uma tocha, de uma pessoa que havia carregado. Muita gente em volta tirando fotos e observando…não tive vontade nem de ver de perto! Ah! e 2000 reais para ficar com a tocha !
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Virou uma indústria…
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” Isso navega entre a desinformação e a ignorância, pois recordes mundiais são algo fora da curva, não algo controlado. ”
Na maratona isso não é inteiramente verdade. Não é de hoje que muitos analistas dizem que a organização da Maratona de Berlim é montada para quebra de recordes. Além de percurso e temperatura favoráveis tem pouca gente realmente competitiva na elite, o que diminui a chance de que alguém use uma estratégia “maverick” de tentar quebrar os concorrentes (como o Marilson fez em sua primeira vitória em Nova York) – recorde exige ritmo mais ou menos constante. Permite o uso de coelhos e escolhe a dedo os quenianos convidados, sempre os mais rápidos (que é diferente de mais resistentes).
Agora a quebra de recordes está matando o atletismo? Complicado dizer isso porque o esporte de elite é financiado por patrocínio e patrocinador quer visibilidade. E recordes dão muita visibilidade. Minha opinião é mais radical: foi o profissionalismo que matou o esporte. O mundo das maratonas era muito mais autêntico e interessante nos tempos de Bill Rodgers (que dava aulas como professor) ou Emil Zatopek (que era militar). Esses caras eram exemplos de vida não simplesmente caras velozes turbinados por um hiper-preparo físico-químico, acho que estou sendo claro o suficiente.
Podem me chamar de romântico mas é o que penso. Prefiro 10 vezes passar o meu tempo lendo “Nascido para Correr” ou a biografia do Zatopek do que assistindo a qualquer uma dessas provas de atletismo de hoje em dia.
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Berlim cria condições, não garante nada…
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