O blog, como vocês sabem, é sobre Fisiologia, Treinamento, Nutrição na corrida. Mas é também sobre comportamento. Aqui tento passar à margem de notícias que envolvam pessoas do atletismo/corrida quando o assunto é a vida pessoal deles. Ok, Lolo Jones e Michelle Jenneke aqui são as exceções que confirmam a regra. Porém, antes de continuar, peço que você reveja abaixo o vídeo de retrospectiva do ano do Google em 2015 prestando uma atenção especial ao discurso e à revelação impactante.
Pronto.
Quando a decisão do ex-decatleta Bruce Jenner de assumir e mudar de vez sua identidade para mulher ganhou manchetes pelo mundo, sabendo do fato eu por opção decidi não postar links. Por quê? Não me interessa se ele ou outro atleta gosta de homem, mulher, travestis, grupos, bonecas infláveis ou tortas de maçã. Não envolvendo crianças e animais, as preferências sexuais das pessoas não deveriam importar ou ser assunto de debate ou fofoca.
Aos que não conheciam o campeão olímpico (1976), trazer esse assunto aqui seria tratar uma decisão pessoal, que só diz respeito a ele, como algo meio bizarro, doentio. E não deveria NUNCA ser! Deveríamos olhar para ele sem demonstrar nenhuma surpresa ou espanto, é isso que dá certo conforto necessário nessas horas. Cada um carrega consigo algo que o outro vê como muito estranho. É essa a nossa normalidade.
Mas foi o enorme impacto que o vídeo do Google me deu, que me fez ir atrás do seu discurso ao receber o importantíssimo prêmio Arthur Ashe Courage Award da ESPN meses atrás. Eu sabia quem fora agraciado com o prêmio, não conhecia é o discurso. Jenner demonstra ao vivo no microfone pelo menos o mesmo talento que tinha nas pistas como o atleta mais completo do mundo.
Suas palavras revelam o peso que sua preferência no sexo tem e teve em sua vida. É pelas crianças e pelos anônimos que ele resolveu se expor. Em um mundo cada vez mais difícil de ser compreendido, um gesto assim vir por alguém tão talentoso é de um bem enorme. Se puder, separe 10 minutos para assistir ao seu discurso. É impossível se arrepender.
*aqui a transcrição do discurso traduzido para o português.
**o título do post é uma tradução livre do título da histórica capa da revista Vanity Fair que surpreendeu o mundo com sua frase apresentando seu novo nome.
Linda história. Meu eu otimista (não é sempre que ele acorda) está inclinado a pensar que caminhamos para maior tolerância e empatia. E que justamente porque as “minorias” tem mais voz hoje em dia, a reação é mais exacerbada.
Imagine um mundo preconceituoso sentado em séculos de privilégios vendo seu mundo abalado e suas certezas questionadas… Por essas que meu eu otimista evita as redes sociais, gosto de pensar que é uma fase, uma convulsão que precede a mudança.
Infelizmente, tudo leva tempo demais. Uma geração não vê as mudanças que plantou. Ou talvez isso também seja parte da beleza da vida.
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Dias atrás quando vi o vídeo do Google aqui não prestei muita atenção no discurso, sem querer fiquei mais nas imagens, não tinha idéia da origem do discurso no vídeo. Hoje a história se completou. Por essas e outras…não dá para perder um dia do blog!
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