5 Motivos pra NÃO ler Nutrição em Revistas de Corrida

Não preciso reforçar que considero, em condições de Saúde, a simples consulta a um Nutricionista do ponto de vista do Risco um péssimo negócio. Resumidamente, a Nutrição tradicional como a conhecemos e suas diretrizes, não têm em sua base grande suporte da ciência. Junte-se a isso o péssimo hábito do profissional de Saúde em intervir sempre quando é consultado, não importando a real necessidade, temos ambiente propício para que sejam feitos procedimentos mais do que inúteis, mas nocivos.

Mas se não devemos recorrer ao Nutricionista, onde aprender e se informar sobre Nutrição?

É sempre mais segura a via negativa, você aprender o que NÃO fazer. Assim, o corredor sairá ganhando se NÃO procurar jamais informação sobre Nutrição Esportiva JUSTAMENTE nos periódicos especializados de corrida. São 5 motivos principais.

  1. Você não precisa que sua dieta seja necessariamente composta por suplemento
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Não espere encontrar em revistas de corrida uma fonte imparcial e confiável sobre quem financia a própria publicação.

Uma das manobras comuns para você valorizar o seu trabalho, é tentar convencer os outros de que ele é imprescindível. Assim, transparecer o simples como algo complexo não deixa de ser apenas uma maneira de você poder cobrar mais caro por ele. Quer valorizar um prato? Dê a ele um nome rebuscado. Funciona sempre! Quando você tenta provar que intervenções são necessárias (e só você e sua categoria estão habilitados a fazê-lo), você cria um cliente e uma reserva de mercado. Aí entram nutricionistas e revistas. É o tal “o ideal é sempre procurar um nutricionista para que ele possa manipular a sua dieta de modo que ela lhe traga cada vez mais benefícios para a saúde e a performance nos treinos”. Ainda que a mesma Nutricionista na revista cometa barbaridades arás e barbaridades, texto após texto, sem ficar corada de vergonha, e ainda com uma regularidade incrível…

Há ainda outra particularidade que não deixa de ser questionável: parte considerável do rendimento de uma publicação vem de seus patrocinadores. Qual a solução? Contratar ou convidar o nutricionista que fale a língua de quem vende seus produtos. É uma parceria do tipo ganha-ganha, pois você gera conteúdo e clientes.

Uma revista não discute se suplementar é bom, revistas vendem suplementos.

Uma revista não discute se suplementar é bom, revistas vendem suplementos.

E são poucos os que saem do vício do uso do suplemento. Soube, por exemplo, que em palestra recente de uma Meia Maratona aqui em SP o nutricionista palestrante assassinou a fisiologia. Como diz um grande amigo: “é de graça?” Lógico que não! O patrocinador da prova é uma empresa de suplementos. Você não pode então esperar que uma revista seja imparcial quando vai falar sobre suplementos. Ela nunca é.

Vou ser direto: a preocupação de uma revista não reside na resposta se suplementos são importantes, saudáveis e nocivos. Por estar financeiramente atrelada a quem os vende e produz, uma revista está preocupada em escrever quando eles são importantes, mesmo quando não serão. Faça um exercício, folheie qualquer publicação brasileira de corrida e veja quantas são as páginas de publicidade…

  1. Sua dieta não precisa ser tão rigorosa e inflexível

Um dos maiores “crimes” da Nutrição é simplesmente ignorar completamente a aleatoriedade ou a não-linearidade no consumo e na absorção de macros e micronutrientes. Mais! Não há uma única pessoa que escreva em bom português que fale ou entenda do assunto. NENHUMA. Obviamente que eu não esperava que eles escrevessem em revistas de corrida.

Complicar algo para vendê-lo é agregar valor para cobrar mais caro pelo seu produto.

Complicar algo para vendê-lo é agregar valor para cobrar mais caro pelo seu produto.

A cada vez que um nutricionista escreve na revista que você precisa de “uma dieta balanceada e equilibrada”, Darwin se remexe no túmulo e toda a teoria evolucionista sofre um duro golpe. A cada vez que isto é escrito, eles dão o parecer de que não sabem do que falam. Isso por si só é mais um argumento para não ler Nutrição em revista.

Assim voltamos ao tópico 1, pois ao dizer que temos que carregar lanchinhos, fazer marmitas ou ter controle das calorias ou porcentuais de macronutrientes, eles depõem contra eles mesmos. Se você não é um atleta-olímpico, você não precisa disso. Mas obviamente não serão eles a dizer que não.

Não custa reforçar: A menos que você seja um profissional, você não precisa de toda essa sofisticação. E não será obviamente o Nutricionista que escreve em revista dirá isso para você. Por quê? No próximo ponto mostro o quê Nutricionistas têm em comum com Treinadores.

  1. Exercícios não são fundamentais ou essenciais para o controle de seu peso
As revistas pregam o jamais provado: exercício é bom para perder peso.

As revistas pregam o jamais provado: exercício é bom para perder peso.

É humanamente compreensível que Treinadores não abracem a ideia que exercícios são péssimas ferramentas no controle e/ou perda de peso. Afinal, a carreira de treinadores em parte depende fortemente da não compreensão disso. É improvável que vocês convençam toda uma categoria de algo do qual seu rendimento depende. Essa é a semelhança entre as categorias. Nutricionista não dirá em revista que Nutrição é coisa simples. Porém, quando Nutricionistas abraçam uma ideia nunca sequer jamais provada, como a do exercício como ferramenta eficiente na perda de peso, eles provam que não sabem do que falam.

Bom, se revistas repetem a bobagem dita por Nutricionistas, são elas que viram a bobagem.

  1. Atletas e web-celebridades não são autoridades no assunto

Não importa o que a famosa fez para emagrecer ou o que come a web-celebridade que faz photoshop para parecer mais magra. Sabe o que são inúmeros casos particulares de quem tem genética e tempo para ser magro e bonito? Nada. O peso deles não os tornam autoridade para falar como especialistas do assunto dando recomendações. Seus casos particulares não podem ser jamais tomados como estratégias válidas.

  1. Você não deveria almejar o que faz um atleta

Uma grande estupidez é simplificar o complexo. Buscar na dieta de quenianos a explicação de seu sucesso é de uma miopia vergonhosa. Ficar perguntando o que come aquele amador que melhorou demais não deixa de ser a repetição desse tipo de raciosímio burro. Não importa o que eles comem, até porque Nutrição é muito sobre o que NÃO se come.

Se uma revista traz matéria com a dieta de um amador ou profissional sem que seja de caráter puramente de curiosidade, ela recorre a um enorme erro conceitual. E não torna o erro menor ter um papagaio repetindo que um nutricionista deve ser consultado. Até porque a imensa maioria dos que escrevem nelas cometem erros crassos de Fisiologia.

Fuja delas!

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22 pensamentos sobre “5 Motivos pra NÃO ler Nutrição em Revistas de Corrida

  1. Luis Mello disse:

    Muito bom, Balu.

    Estou melhorando meus tempos fazendo low-carb por estar ceto-adaptado . Que eu saiba já há literatura a respeito. Você concorda que seja benéfico para provas longas? Grande abraço.

    Luis.

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    • Danilo Balu disse:

      Sim, já há literatura, só que não em português. No amador acho que há gde benefício na saúde e desempenho. No pró sou reticente ainda.

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      • Carlos disse:

        Danilo, vc acha que LCHF vale a pena até para um amador mais “forte”, forte = 100km de rodagem/semana e tempo de 1/2 maratona de 1:30?

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      • Danilo Balu disse:

        Então… acho que um amador desse nível pode ter gdes benefícios, principalmente em provas mas longas (>21km). Mas não é “só” isso! Mesmo que introduzindo sessões de treinamento com conceitos do low-carb vc pode ter mtos benefícios, ou seja, treinos com baixo estoque de glicogênio, treinos leves em jejum (de manhã ou no fim do dia), longos sem dieta pré com CHO… acho que são de GDE valia do pto de vsta de desempenho E de saúde.

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      • Carlos disse:

        Vlw pela sua opinião, estou na alimentação LCHF há aproximadamente 4 meses e senti que a recuperação após treinos mais puxados é absurdamente melhor. Comecei nesta linha após vc publicar os posts sobre o assunto e ler os dois livros do Volek e o do Taubes, até agora não tenho do que reclamar e não pretendo voltar a comer alimentos “vazios”. (Off topic: sou contemporâneo seu da Poli, parabéns pelo seu blog!)

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    • William Fortunato disse:

      Adotei uma alimentação low carb também. Não faço dieta cetogênica, mas devido a redução dos carboidratos meu corpo já está adaptado a queimar gordura como fonte de energia. A principal diferença que senti foi na recuperação e na diminuição do cansaço pós-treino. Não só eu, mas minha esposa também.

      Conheço corredor de trilha de fazem provas de de 80km e seguem o estilo paleo, ou seja, abortaram totalmente a utilização de energéticos e suplementos.

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  2. Até site de prova agora quer dar uma de entendido…
    O site da Maratona do Rio (que você mesmo reconhece como sendo nossa melhor maratona – não fui mas deve ser mesmo) recentemente postou isto aqui:

    “Correr em jejum, nem pensar. A falta de carboidrato faz o organismo utilizar a proteína muscular para gerar energia. Para quem cometeu esse erro no domingo, vale ler e saber mais: http://glo.bo/1K11i72

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    • Danilo Balu disse:

      Qdo treinador inventa de falar de Nutrição geralmente não vem coisa boa…

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      • Vitória Freitas disse:

        Ou seja. Deve ser uma nutricionista, preferencialmente com uma pós na área esportiva que deve falar. Como sempre, é a profissional mais indicada.

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      • Danilo Balu disse:

        Não… nem ela…. tem que fugir deles na Saúde e só buscar na doença. Então não será uma esportiva. Será uma clínica.

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    • William Fortunato disse:

      Eu não acredito que a recomendação esteja totalmente errada. Eu só acho que ela não pode se transformar em regra.

      Não acredito que qualquer um que possa sair amanhã e fazer um treino em jejum. O tipo de alimentação pode te dar maior tranquilidade ao fazer uma atividade física em jejum já que seu corpo estará pronto para glicogênio ou gordura corporal.

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      • Danilo Balu disse:

        Vc leu o texto? Vc não pode ir pra nenhum dos dois lados. Claramente o treinador em questão não tem mta clareza sobre o assunto.

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  3. Costumo usar a seguinte frase para meus alunos:

    “…meus colegas não iram concordar com o que vou te dizer, mas o que vou te dizer é uma verdade científica…o exercício traz uma série de benefícios…forma junto com a alimentação e o controle de estresse uma tríade fundamental par a a sua saúde…mas no que diz respeito ao emagrecimento o fundamental é como você come…porém dependendo da linha do(a) nutricionista que você procurar…sua dieta não permitirá que você emagreça…por sorte aqui na nossa cidade existe uma nutricionista que vai realmente poder te ajudar…”

    Aqui em Porto Alegre temos a sorte de encontrarmos uma nutricionista que sabe o bastante para realmente ajudar as pessoas que desejam emagrecer.

    Sabendo das limitações dos nutricionistas e educadores físicos procuro buscar conhecimento sobre o tema, acho que hoje consigo entender sobre o tema exercício e nutrição muito mais do que minha formação universitária propiciou. mas tenho muito que aprender ainda.

    É inegável que sobre a questão conhecimento científico dos nutricionistas e treinadores sobre nutrição você tem razão. Mesmo que alguns não concordem com a forma como você escreve, o que você escreve realmente é fato.

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  4. luis fernando mello disse:

    Balu ou Carlos.

    Estou nessa., LCHF há 4 meses e correndo cada vez mais. Procurei o livro do Volek em Porto Alegre e não consegui encomendar: the art and science of low carb performance. Podem compartilhar?

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  5. […] especial para escolherem juntos o lado errado. E a mesma regra funciona sobre revistas de corrida quando falam de Nutrição. A quem recorrer? A um profissional? Porém, isso está longe de ser garantia, […]

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