Um pouco mais sobre diabetes…

Uma das coisas que mais me questionaram aqueles que não concordaram com meu ponto quando afirmei tempo atrás que ir ao Nutricionista Esportivo é um péssimo negócio, era desviar o foco martelando ao dizer que na doença é o Nutricionista quem dá suporte aos médicos. Reforço o dito semana passada: na doença, procure um nutricionista, na saúde fuja de consultas com ele.

Só que há o caso de uma doença que minha recomendação se mantem: muito cuidado, o estrago da categoria pode ser enorme. Isso porque faz um tempo que eu estava esperando a oportunidade para falar de um assunto. Um amigo corredor foi pai pela primeira vez semanas atrás e sua esposa ficou em uma das melhores maternidades do país. Ele é engenheiro e estudioso das barbeiragens em Nutrição. Ele não pensou duas vezes em me escrever quando chegaram as refeições para ele e sua esposa que estava com diabetes gestacional.

Basicamente o almoço padrão era salada (alface, tomate e queijo branco em cubos), carne assada, cenoura cozida, arroz, suco de uva de caixinha (!!!) e manjar. Um hospital oferecer suco de caixinha já é de doer. Já na refeição para diabéticos o arroz virou arroz integral, o suco era natural de manga de alta carga glicêmica e o manjar virou pedaços de melancia.

Você diria que é refeição de um hospital ou praça de alimentação?

Você diria que é refeição de um hospital ou praça de alimentação?

Antes de falar da aberração dessa estratégia, talvez seja o caso de você ler o que escrevi tempo atrás aqui sobre o raciocínio torto da Nutrição convencional no tratamento da diabetes. Resumidamente falo como é torta, burra e irresponsável a lógica de como a Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia (SBEM), a Diabetes Brasil e a Sociedade Brasileira de Diabetes (SBD) encaram o tratamento da diabetes. Afinal, elas invertem a lógica natural e tratamento da doença AUMENTANDO o consumo de carboidrato justamente em pessoas cujo organismo NÃO sabe como metabolizá-los.

Eu escrevo isso assistindo ao programa Fantástico que conversa com uma mulher diabética (tipo 2) que sofreu intervenção em sua dieta. Na refeição dela você vê muito arroz e um copo de suco de laranja. Ou seja, muitos dos que me escreveram diziam que o problema da Nutrição era o naipe do profissional. Não é. O problema da Nutrição é em sua base, em seu alicerce, e seu fundamento, não no profissional que você consulta.

Não importa se na melhor maternidade do país, não importa se nas sociedades que deveriam entender um mínimo do que falam. Eles já são de saída um equívoco. Se você estiver morrendo, muito doente, consulte um. Se estiver saudável, fuja. Fuja que é uma cilada, Bino!

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15 pensamentos sobre “Um pouco mais sobre diabetes…

  1. adolfont disse:

    Quantas vezes dá para eu assinar embaixo? 🙂
    Assino embaxo!

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  2. […] “Um pouco mais sobre diabetes” e depois os links que ele menciona ao longo do […]

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  3. martinhovneto disse:

    “Resumo: A prevalência do diabetes tem se elevado vertiginosamente e a dieta
    habitual é um dos principais fatores determinantes passíveis de modificação
    na prevenção de doenças crônicas não-transmissíveis (DCNT).
    Evidências sobre o papel da qualidade dos carboidratos da dieta no
    risco para o diabetes tipo 2 têm sido consideradas inconsistentes. O presente
    estudo de revisão da literatura analisa evidências epidemiológicas
    da associação entre a qualidade dos carboidratos da dieta habitual
    e risco de diabetes em adultos. Embora alguns estudos indiquem
    um efeito de risco de dietas com elevados teores de índice glicêmico e
    pobre em fibras para o diabetes, os resultados são controversos e há
    indícios de um efeito mediado pelo magnésio contido na casca dos
    grãos, enfatizando-se a relevância da analise do consumo de alimentos
    em detrimento de nutrientes isoladamente em investigações sobre dieta
    e risco para DCNT. As evidências sugerem que uma dieta rica em
    cereais integrais e vegetais, em detrimento do consumo de cereais refinados,
    sacarose e frutose, possa exercer um papel protetor para o diabetes.
    Entretanto, um maior número de ensaios clínicos aleatorizados
    são necessários para o estabelecimento das hipóteses causais e plausabilidade
    biológica. (Arq Bras Endocrinol Metab 2006;50/3:415-426)
    Descritores: Consumo alimentar; Carboidratos; Índice glicêmico; Fibra
    dietética; Epidemiologia do diabetes”

    “Excerto: De acordo com relatório recente da Organiza-
    ção Mundial da Saúde (OMS) sobre dieta, nutrição e
    prevenção de doenças crônicas não-transmissíveis
    (DCNT), o consumo alimentar habitual constitui um
    dos principais fatores determinantes passíveis de modificação
    para DCNT (2). Embora as evidências epidemiológicas
    demonstrem um potencial efeito protetor
    do elevado consumo de fibras e teores reduzidos
    de índice glicêmico da dieta habitual para o diabetes
    (2), a influência da qualidade dos carboidratos na etiologia
    dos distúrbios do metabolismo da glicose ainda
    é pouco compreendida (3). Conforme a Associação
    Americana de Diabetes (ADA), as evidências de uma
    relação causal do índice glicêmico e carga glicêmica da
    dieta em relação à prevenção do diabetes são inconsistentes,
    sendo necessário maior número de investigações
    científicas, em especial ensaios clínicos aleatorizados
    (4).”

    Daniela S. Sartorelli
    Marly A. Cardoso

    Clique para acessar o 30638.pdf

    🙂

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  4. Ligia disse:

    No mínimo assustador!

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  5. Andre disse:

    Meu pai é diabético (ele tem 81 anos) e fez uma operação em novembro. O rango era esse mesmo, depois mediam a glicose dele e davam insulina.
    O pior é que ele ficou uns dias a mais no hospital porque a glicose não baixava.

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  6. Renato disse:

    Balu… seus textos estão ficando cada vez mais impressionantes! Você esta num nível em que muitas pessoas já não te entende mais, e, é nela que se encontra a grande maioria dos educadores físicos e nutricionistas, que, fazem bobagens. Penso que cada vez que você escreve, ganha um pouco mais de conhecimento. Então o ciclo recomeça e você estuda novamente para escrever de novo ganhando mais conhecimento e novamente o ciclo recomeça e você estuda mais para escrever mais e cada vez ganha conhecimento e assim por diante. Enquanto isso quem tenta te acompanhar, ótimo…. mas quem fica parado no tempo esperando as faculdades, continuam limitadas àquele conhecimento lá de trás. Ou seja, resumindo, daqui a pouco vai existir um abismo tão grande entre você e as pessoas que isso vai te desmotive lo a escrever. Infelizmente!

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  7. Estevam disse:

    Um pouco atrasado, mas tem ligação com seus posts sobre a importância relativa da atividade física para a perda de peso: http://bjsm.bmj.com/content/early/2015/04/21/bjsports-2015-094911

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  8. […] Recentemente falei dos absurdos que a Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia (SBEM), a Diabetes Brasil e a Sociedade Brasileira de Diabetes (SBD) pregam em suas diretrizes para diabéticos. Basicamente eu diria que no caso de alguém adquirir diabetes entre os seus, não corra na direção deles. Fuja deles! Eles são um risco! […]

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  9. […] SBEM tem talento para falar bobagem do tema que ela pesquisa. Já falei aqui (e aqui também!) de como são tortos quando falam sobre diabetes e razões da […]

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  10. […] ir direto ao ponto. Anteriormente eu falei aqui dessa falácia no tratamento do diabético, falei aqui da lógica torta da SBD no tratamento da doença, aqui você tem tradução da matéria que questiona a abordagem britânica, similar ao […]

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