OU AINDA: UMA VISÃO DA NUTRIÇÃO ESPORTIVA SOB O PONTO DE VISTA DO RISCO.
*no texto que segue, atento para que em nenhum momento disse ou acho que 100% deles sejam ruins ou incompetentes. Jamais disse isso, pois seria má índole minha opinar sobre caráter de quem não conheço. Mas o risco (perigo) de ir a um nutricionista esportivo é alto não porque ele seria ruim, mas justamente porque ele utilizará conceitos e diretrizes da Nutrição que carecem de toda e qualquer evidência de base científica. Não é ser ruim que o faz perigoso, mas justamente eles serem bons vindo a aplicar aquilo que estudaram.
Nassim Taleb em seu excepcional livro Antifrágil tem um princípio muito interessante. Segundo ele, caso você queira morrer mais cedo, tenha um médico particular. E seja consultado regularmente. Não faltam exemplos de personalidades (ricas) que anteciparam sua morte na ideia equivocada de que um médico pessoal pode te ajudar. Além disso, pela absoluta maior parte da história, ir ao médico/hospital sempre significou aumentar nossas chances de morrer. Ter que ir a um hospital sempre significou caminhar em direção ao leito de morte, não à cura. Ainda hoje nos EUA, (erros) Médicos matam mais do que qualquer câncer ou que acidentes de carro. Ou seja, visitar um médico ainda hoje é apressar sua morte. Ter um médico pessoal e visitá-lo regularmente é, na magistral explicação de Taleb, o primeiro passo para reduzirmos nossa expectativa de vida.
O Nutricionista Esportivo pró-ativo
Um Nutricionista Esportivo que é pago por você, recebendo o que recebem, se sente necessariamente na obrigação de intervir de qualquer maneira que seja em sua dieta e no seu dia a dia. Isso é comportamento, não opinião. Porém, mexendo onde ele é dispensável, ele apenas aumenta as chances de um dano. Só que é a ausência de intervenção que implica em ausência do risco de ter alguém-fazendo-o-que-não-deve, o tal tolo pró-ativo. Nesse caso, um Nutricionista Esportivo.
A fonte do dano intervencional reside na ideia do profissional de saúde (médicos e treinadores incluídos) sobre a nossa fragilidade. Eles têm a impressão ou a certeza tola de que nós humanos somos necessários e/ou fundamentais para fazer as coisas funcionarem. É a pura arrogância de quem estuda alguns anos e veste um jaleco e conseguiria corrigir o que Ele lá de cima teria feito de errado.
O Nutricionista Esportivo como algo inútil
Diferentemente de um médico que pode te matar, podemos ficar tranquilos porque um nutricionista esportivo é tão inútil que não consegue sequer matar muito rápido. No máximo nos deixam mais pobres, mais gordos e doentes. Do ponto de vista do Risco, basicamente temos muito pouco a perder visitando um justamente porque temos muito pouco a ganhar com eles porque eles não sabem o que falam. E já falarei sobre isso.
Reforço um ponto fundamental da dica do dia: cada vez que você visita um Nutricionista Esportivo você passa a correr o risco de sofrer o dano de ser submetido a algo desnecessário (desconhecido e de dano retardado ou oculto) sendo justificado por um superestimado benefício em alguma outra coisa. Resumindo (ou simplificando), temos que calcular o risco de ir ao nutricionista esportivo como subtraindo um provável benefício dos custos probabilísticos de ele fazer uma grande barbeiragem. E ele (estatisticamente) muito provavelmente vai fazer. E ISSO é o grave!
Eles não sabem que são (pouco) perigosos.
E aí são vários os problemas da categoria. Se nem na melhor faculdade de Ciências Atuariais do país (FEA-USP), na qual estudei, temos que ler boas obras sobre gerenciamento de riscos, não espere algo similar de médico e nutricionista, que sequer precisam estudar matemática, essa “apenas” uma ferramenta para compreender Risco. Eles, quando prescrevem um suplemento/remédio, por exemplo, desconhecem ou ignoram os riscos disso no longo prazo. Historicamente foi assim com ovos, manteiga, adoçantes artificiais, glúten, frutose, óleos vegetais, gordura trans…
E tenha sempre em mente outra coisa: no fundo no fundo, eles são perigosos justamente porque os interesses de um nutricionista são dissociados do cliente, por mais que venha com o discurso de suposta preocupação, os conselhos, no fim, são feitos sempre para beneficiar a eles próprios. Por mais que seja duro ouvir isso, é assim em TODA área da Saúde. Toda. Sem exceção. Isso os torna perigosos, ainda que um nutricionista esportivo, repito, seja inútil a ponto de não conseguir matar.
Mais sobre o (baixo) perigo deles.
Basicamente, consultar um nutricionista esportivo é ter a certeza de que ele vai querer intervir (o idiota pró-ativo) e, muito pior que isso, ele fará barbeiragem. Vejamos melhor esse ponto: segundo David Wooton, houve um intervalo de 2 séculos entre a descoberta dos germes e a aceitação deles como causadores de doenças, 30 anos mais entre a teoria de putrefação dos germes e o uso da antissepsia. Não bastou Pasteur nos mostrar o efeito dos germes, a sangria continuou por séculos. A Penicilina trouxe o “ponto de quebra” apenas nos anos 50, ou seja, antes disso a Medicina estatisticamente mais matava do que curava.
Só que a Medicina envolve estudantes (e profissionais) mais inteligentes porque remunera melhor E dá mais status. Por isso podemos contar que o “ponto de quebra” da Nutrição ainda está por vir. Na Nutrição, faltam décadas para chegar a “penicilina da alimentação”. Até lá, eles farão sempre mais mal do que bem.
Falo isso, modéstia à parte, com conhecimento de causa. Não conheço ninguém, absolutamente ninguém, seja Médico, Nutricionista ou Treinador, que escreva originalmente em português em qualquer veículo de corrida que você conheça que não erre feio em alguns conceitos básicos da Nutrição. Aqui vale descrever uma lógica argumentativa. A menos que uma necessidade extrema urja, nós não colocamos (ou não deveríamos colocar) teorias em práticas. “Criamos teorias a partir da prática. A teoria nasce da cura, não o inverso”.
Só que a Nutrição bisonhamente funciona de forma invertida. A Nutrição Aplicada como a conhecemos não é Ciência, é uma pseudociência envelopada. Ela é tão fraca que é hoje apenas um resultado torto e perigoso de diplomacia e política, ela é curandeirismo, mas curandeiros não precisam ser nutricionistas. Ou seja, um curandeiro autodidata tem mais chance de te oferecer menos riscos. Lembre-se, ignorantes estatisticamente cometem MAIS erros por autoconfiança. O Nutricionista Esportivo é um ignorante confiante porque acha que estudando sabe do que fala. E aí chegamos ao ponto final.
Eles não entendem quase nada do que falam
Se você conversar com qualquer nutricionista esportivo ele inevitavelmente vai falhar em um dos assuntos básicos fundamentais.
Em carboidratos, é muito provável que ele considere este um nutriente energeticamente majoritário, só que ele não conseguirá explicar o porquê um nutriente sabidamente não-essencial deve ser a base de uma dieta. Ele não vai conseguir explicar o porquê engordamos rebanhos com grãos, mas seriam saudáveis a humanos. Não vai conseguir explicar as bases para recomendar hidratação sem atropelar a lógica e a matemática, aquela que ele não precisou estudar. Ele não vai fundamentar sua estratégia de suplementação sem fugir do claro conflito de interesse ou da ausência de riscos. Ele não saberá explicar a criação da pirâmide alimentar (talvez na Nutrição o mais grotesco exemplo de “inversão entre teoria e prática”). Ele não saberá a ideia por trás do consumo de sal. Ele não vai conseguir explicar as lógicas por trás do jejum no exercício ou do hábito de comer de 3 em 3 horas.
Voltamos aqui num pilar importantíssimo, o nutricionista esportivo faz o que não se pode NUNCA fazer: não colocamos teorias em práticas, criamos teorias a partir da prática. Só que os nutricionistas criam teorias torcendo para que a prática seja como é sua vontade ou seu sonho.
Conclusão
A profissão de Nutricionista foi inventada como um commodity de uma sociedade que não precisa de quem nos ensine a comer ou a beber, ela é falha e do ponto de vista de Risco é, no momento, inútil. Não ensinamos pássaros a voar. Ou olhando de trás pra frente, não chegamos à expectativa de vida atual por causa deles, a vinda deles NÃO trouxe notável ganho substancial. Mas há o risco cada vez mais embasado de que seguindo suas teorias de restrição de gordura, por exemplo, podemos morrer antes, igual a ir a um médico muito regularmente.
Como até hoje ela não se provou que funciona, ainda virão muitas décadas antes do dia que ir ao Nutricionista Esportivo seja algo bom. Por isso resumo aqui, se você quer correr bem, mais e melhor, NUNCA procure um nutricionista esportivo. Eles não são “só” inúteis, alguns são até mesmo um pouco perigosos.
*****
Sendo sucinto…
Ao ir a um, há enormes chances de:
- ele não saber do que fala quando o assunto é hidratação, emagrecimento, consumo de sal, suplementos, diabetes, dieta saudável ou jejum;
- por ele receber dinheiro de você, ele fará necessariamente o papel do idiota pró-ativo. Ou seja, ele vai querer mexer em algo ainda que sofra de “1” e ainda que a dieta inicial seja ideal;
- vide “2”, por dissociação de interesses, ele tomará decisões para ele, não para você. Ainda que ele negue;
- ao contratar um nutricionista esportivo brasileiro, saiba que não há nada escrito originalmente em português que não cometa erros conceituais gravíssimos de conceitos extremamente simples, mas importantes e fundamentais;
- Por causa de 1, 2, 3 e 4, dá para dizer que você tem pouquíssimas chances de ter limitadas vantagens, mas um enorme risco de ter grande prejuízo;
- por fim, a única vantagem é que um nutricionista (esportivo ou não) é tão inútil, tão dispensável, que ele não te matará, ele não é sequer capaz disso. No máximo fará você gastar bastante dinheiro, comer mal, engordar e ficar doente.
*não há nenhuma linha sequer de ironia neste texto. Mas reforço que falo sobre nutricionistas esportivos. Como sempre, não falo de casos de patologias. No caso delas, se o assunto for diabetes, o nutricionista pode sim ser muito perigoso. Eu os evitaria.
** pedindo maiores argumentos para o meu ponto deste texto, resolvi escrevê-los em uma série mais longa (com todas as suas referências bibliográficas) que segue abaixo:
PARTE 1: a falácia da causa do sobrepeso.
PARTE 2: a falácia do balanço calórico.
PARTE 3: quanto pesa 1kg de gordura?
PARTE 4: a falácia do esporte no emagrecimento.
PARTE 5: a ciência por trás das diretrizes do consumo de gordura saturada.
PARTE 6: o medo do colesterol.
PARTE 7: a ciência por trás da recomendação do sal.
PARTE 8: a ciência por trás da pirâmide alimentar.
PARTE 9: a lógica torta no tratamento da diabetes.
PARTE 10: o que acontece(u) ao seguirmos as recomendações nutricionais.
Tive a sensação de ter jogado meu dinheiro fora nas duas últimas consultas à nutricionista esportiva que eu fui. Fazia academia e queria uma alimentação baseada nos treinos. Sabe o que a nutricionista falou? Para eu sair da academia porque ia me cansar mais devido ao meu ritmo de vida. Se eu fui até ela era porque eu estava bem animada com todo esse ritmo.
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Eu não.
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