Nada vai incomodar tanto um treinador do que você lembrá-lo de que há cada vez mais evidências surgindo de que bastaria um treino de 2 minutos (bem intensos) de duas a 3 vezes por semana para você ganhar benefícios ainda melhores nos marcadores de saúde. Ou seja, esqueça os 30 minutos por dia, nossos longínquos ancestrais, donos do mesmíssimo organismo que o nosso, não ficavam andando na esteira a 5km/h vendo CNN. Basicamente, por um enorme conflito de interesse é sempre difícil convencer um treinador que esporte não emagrece, ou que Nutricionista é uma das profissões mais superestimadas e desnecessárias que existem justamente porque o salário dos 2 se baseia na presunção de que são possuidores de um monopólio de conhecimento diferenciado, quando na realidade são informações muito básicas e algumas superestimadas porque mal compreendidas. Veja o caso americano ou europeu, por exemplo. Em um você pode treinar sem estudar e no outro você estuda por 13 meses com a Nutrição nem sendo reconhecida em certos países. Tenho enormes desconfianças de tudo que só existe no Brasil e não seja jabuticaba ou tapioca com (muito) leite condenado. No The New York Times, que sempre é muito sério quando fala de saúde, uma bela matéria sobre a ascensão dos treinos intensos e bem curtos. Qual será a aplicabilidade disso na corrida de quem busca um pouco mais de desempenho? Não sei. Pra você correr bem uma prova de 10km ou 42km, você vai precisar de muito mais volume do que 5 minutos por semana. Mas se você busca saúde, ir ao parque caminhar ou trotar lento parece não ser a maneira mais eficiente na relação custo benefício. Mas e o Treinador? É 100% descartável? Já disse aqui mais de uma vez: pode ser superestimado em seus benefícios, mas muito longe de inútil. Tem seus enormes ganhos, mas seu custo, além do financeiro, é que ele vai diminuir os riscos de você ter um tipo de lesão, e aumentar enormemente você ter outros tipos de lesão. Espero falar disso com mais calma muito em breve aqui, assim que acabar de ler um livro fantástico que será fruto de uma curta série de posts.
Aqui uma breve análise com os 100 melhores tempos do ano na Maratona. No masculino, 98 dos 100 são de atletas nascidos no Quênia ou na Etiópia! Dos 2 intrusos, um é do nascido africano Mo Farah e de um japonês. O 100º fez 2h08:25. No feminino o domínio desses 2 países também é enorme…
No The Guardian, uma curta entrevista com o talvez maior ultramaratonista de todos os tempos, Kilian Jornet.
Um boato às vésperas de uma prova em Salamanca dizia que haveria exame antidoping de última hora. Foi um auê entre os competidores. Dizem que um dos motivadores para se combater a trapaça é a certeza da punição. Para baratear os custos, talvez pudessem investir em mais testes falsos.
Um documentário era produzido sobre a primeira mulher portadora de nanismo a completar a Maratona de Boston. Isso era em 2013, e as bombas explodiram quando ela estava na milha 25. A equipe não desistiu e agora finaliza o Undaunted. Abaixo você tem o trailer.
Bom, eu imagino que nossos ancestrais faziam um monte de caminhadas e corridas leves enquanto percorriam grandes distâncias atrás de caça e de vegetais comestíveis além, claro, de correr rápido (quando achavam a caça), escalar, nadar, etc. Mas não faziam “só” HIT.
Quanto a treinadores, etc, acho só é realmente indispensável para as pessoas que querem fazer grandes feitos atléticos. Se o sujeito quer se qualificar para Boston ou descobrir o máximo do seu potencial atlético um técnico é uma ótima pedida. Para todos os outros provavelmente é exagero.
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No mesmo ano que a personagem do documentário Undaunted tentava completar Boston (2013) outro também portador de nanismo fazia o mesmo. Eram 2. Os 2 não completaram devido as bombas e ambos voltaram em 2014 mas só a mulher completou. A Runner’s World americana (sempre ela) fez uma materia enorme sobre ambos ano passado.
http://www.runnersworld.com/runners-stories/big-the-story-of-two-little-people-running-boston?page=single
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O problema de textos como este do NYT http://well.blogs.nytimes.com/2014/12/31/the-super-short-workout-and-other-fitness-trends/?_r=0 é que tem gente queacaba entendendo que correr 1h por dia faz mal, que treinar leve é inútil, etc. Canso de ler este tipo de bobagem nos grupos paleo do Facebook.
Até o Dr. Souto já abriu espaço para um texto que fazia cherry-picking e só olhava estudos muito curtos e bem limitados (http://www.lowcarb-paleo.com.br/2012/12/exercicio-sim-mas-nao-o-que-lhe.html) como os citados pelo NYT.
É claro que treinos intensos (muito intensos) são úteis. A bobagem é com isso dizer que endurance não serve pra nada, ou que é prejudicial. Sock Doc já escreveu tudo aqui http://sock-doc.com/2012/12/aerobic_endurace_bashing/
E certa vez perguntei pro Ross Tucker no Facebook o que ele achava e ele disse que era o mesmo caso da polarização lowcarb vs. highcarb: não existiam evidências suficientes para dizer que uma das coisas era melhor do que a outra em todos os casos, mesmo assim as pessoas tomam lados como se fosse uma religião.
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Acho que tudo o que fizer trará ganhos. Só acho que ainda vamos ver que não há necessidade dos tais 30-45’/dia… Mas tb não acho que faça mal…
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Morro de preguiça de treinos leves e sempre desconfiei se eles servem pra alguma coisa.
Hoje mesmo tenho marcado rodagem bem leve de 8 km, mas estou pensando em tirar o dia de folga e tacá-le pau nos tiros de 200 amanhã…
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Já ouviu falar deste livro, Julio?
http://professoradolfo.blogspot.com/2014/11/os-corredores-amadores-em-media-treinam.html
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O artigo original, de Stephen Seiler and Espen Tønnessen, é este: http://www.sportsci.org/2009/ss.htm
O Matt Fitzgerald é só um popularizador e treinador.
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Pois é, mas aí eu penso em como um trote de 8 km em 48 min vai me ajudar a correr 5 km em 19;30 numa prova…..
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Sabe que eu acabo de escutar um podcast sobre plasticidade do cérebro e sobre como evitar ou atrasar o declínio cognitivo e tb o Alzheimer e o neurocientista fala claramente em exercício aeróbico, algo como 2h por semana, como um dos 3 fatores que um grande estudo teria identificado como importante (os outros são atividades para o próprio cérebro e a outra já não lembro se era a dieta – mediterrânea – ou administração de stress. Já estou na fase do declínio. Mas você fala em marcadores de saúde no geral. Desconfio que haja vários marcadores de saúde, e que alguns deles se beneficiem de cardio estilo maffetone (como essa preservação cerebral, talvez) mais do que de intensidade, e outros o contrário. O problema é que quem não pratica exercício coloca tudo no mesmo balaio, entao n sei se HIIT, por exemplo, funcionaria no caso tb.
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[…] Leia mais no original: https://blogrecorrido.com/2015/01/08/leituras-de-5a-feira-31/ […]
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