Nossos ~especialistas~ e minha recomendação genérica

Um dia depois de escrever o texto falando sobre o porquê não leio absolutamente NADA de Nutrição Esportiva nas publicações de corrida brasileiras (basicamente porque são muito ruins) recebi e-mail do fisioterapeuta Alexandre Lopes querendo me encontrar pra bater um papo depois dele retornar de um tempo morando e produzindo pesquisa nos EUA. O assunto? O texto.

Sou suspeito pra falar dele, pois o conheci profissionalmente e de tanto que conversamos, acabei conhecendo muito bem suas ideias e, sim, viramos amigos. Aqui vai um adendo: a simples ausência dele em qualquer um dos principais veículos impressos (Contra-Relógio, Runner´s World e O2) simplesmente mostra a total incapacidade de quem dirige essas revistas de discernir o bom do ruim, o ótimo da embromation nesse assunto. Quando eu falo “total”, reforço: TOTAL. Eu sei do que estou falando, eles não. Não há em nenhuma dessas quem possa amarrar o tênis dele. É desolador…

O Alê Lopes divide o mesmo inconformismo do qual padeço: como é que pode tanta gente diplomada e gabaritada repetir tanta bobagem em assuntos de Saúde, seja sobre prevenção de lesões, Hidratação, controle de peso ou escolha de tênis de corrida? Como? Como fazer pra que veículos que deveriam informar, não façam o desserviço que fazem hoje?

A diferença entre ele e eu é que ele é mais sábio, ele é mais paciente. Ele abre um link do Eu Atleta ou do Webrun, por exemplo, e consegue abstrair e ignorar as bobagens ditas lá vindas de ôtoridades da caquética Sociedade Brasileira de Medicina do Esporte falando sobre tênis e lesões, por exemplo. Ele consegue ler e continuar chupando seu sorvete de flocos sem passar nervoso. Eu (ainda) não.

No dia da festa do meu aniversário, um amigo me provocou mandando um link do UOL sobre a dieta lowcarb de LeBron James e comentários no mínimo absurdos do Paulo Zogaib. No basquete não temos nada a ensinar aos americanos, mas o ~especialista~ consultado parecia repetir dogmas aprendidos provavelmente quando fomos campeões mundiais (1959 e 1963) ou quando nem existia bola de 3 pontos, quando podíamos ainda ensinar algo à NBA. De lá pra cá parece ter se trancado em uma sala à prova de som ouvindo seu próprio eco e buscando evidências que provassem sua tese, ainda que bem errada. O viés da confirmação é como o fadeaway do Michael Jordan: infalível. E humilhante. Sorte que a NBA não liga para nossos ~especialistas~!

O problema é o Zogaib? Definitivamente não. O problema é que quem escolhe quem escreve ou quem fala geralmente não sabe nada. É um enorme dilema. Daí você corre pra quem deveria saber e então um Endocrinologista envolvido no esporte não sabe conceitos básicos de controle ou perda de peso em atletas. É de sentar e chorar. Eu passo nervoso. E ainda dizem que o debate político é que é tosco…

Na 6a feira, por exemplo, um amigo me avisou que o Globo Repórter falava sobre pão e uma Nutricionista falava suas bobagens sobre consumo de 50% a 60% de carboidratos como sendo o ideal, quando sabemos que o carboidrato é justo ele o ÚNICO nutriente não-essencial na dieta humana. Correr pra onde se ela não sabe o mínimo, o básico? Pra não ganhar uma úlcera nervosa, mudei de canal. Nem assisto nem leio. As coisas vão chegando até mim. Vocês devem fazer isso de propósito, só pode…

Meses atrás quando o Sérgio Rocha me chamou pra escrever o blog eu falei “não”. Estou passando tanto nervoso que não vejo a hora de começar a ir apontando as bobagens que essa moçada escreve. Fonte não falta. Na verdade sobra num limite que eu não dou conta. Por fim, fique com minha dica: Eu Atleta, Webrun, O2, RW, CR… recomendaram algo? Corram pro outro lado, a chance aumenta.

Pois é… não tenho a fleuma do Alexandre Lopes.

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8 pensamentos sobre “Nossos ~especialistas~ e minha recomendação genérica

  1. ” Na 6a feira, por exemplo, um amigo me avisou que o Globo Repórter falava sobre pão e uma Nutricionista falava suas bobagens sobre consumo de 50% a 60% de carboidratos como sendo o ideal, quando sabemos que o carboidrato é justo ele o ÚNICO nutriente não-essencial na dieta humana.”

    Opa! Eu não vi o documentário mas a frase está estranha. O fato do carboidrato não ser essencial não quer dizer que o IDEAL não seja comer carboidratos. Pelo que entendi ela não disse que “não dá para viver sem carboidrato” ou algo parecido.

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  2. Grande Balu! Só desejo uma coisa pra você keridão: P A C I E N C I A ! rsrsrs Abraço!

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  3. Daniela Barcelos disse:

    Parabéns pelo texto Danilo. E o pior é que o grande público absorve as informações não corretas e acabam fazendo coisas absurdas que prejudicam muito a saúde. E este grande público vem até as pessoas que lidam diretamente com eles com estas ideias transformadas em um verdadeiro paradigma, difícil de quebrar.
    Obrigada por compartilhar seus pensamentos!

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  4. Marcelo Morgado disse:

    Sobre o James, fiquei curioso pra saber se ele manterá essa dieta durante a temporada regular ou somente agora na pré-temporada. E pelo link que te mandei hoje via Twitter, já sabemos que ela provoca calvície! 😛

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  5. Diego Araújo disse:

    Danilo, apesar de o Globo Repórter repetir alguns dos clichês nutricionais em nome do “outroladismo” até que me surpreendi positivamente. Eles abordaram muito positivamente a questão da nocividade do glúten e foram favoráveis à gordura. Me deram a deixa perfeita para falar mais sobre low-carb com meus pais, por exemplo. Se eu chegasse do nada, mesmo com todos os dados científicos, eles achariam bobagem, mas como quem “pavimentou” o caminho foi a Globo… aí você já sabe.

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  6. Pedro disse:

    “Vocês devem fazer isso de propósito, só pode…”

    Sim!!!

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  7. Fabio Mollica Guimarães disse:

    Vc não consegue continuar comendo o sundae pq vc não começa a comê-lo.
    Fica nessa vida amarga lowcarb… kkkk
    “Low carb da depressão” – já ouviu essa?? Eu já! eheheheh… na verdade foi um pouco pior: “vi um estudo que low carb causa depressão”

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