De vizinhos britânicos e de papagaios brasileiros

Uma certeza que temos num domingo comum é a realização de grandes corridas. E quando juntamos muitos consumidores, há outra certeza: você terá gente insatisfeita, não importa o que ocorra. Acrescente aí que a internet deu microfone pra muita gente. Gente boa, ótimo! Mas também gente ruim, bem ruim!

Uma coisa que é improvável que você encontre aqui neste espaço é me ver incorporando o papel de guardião de gente adulta. Eu enxergo a todos vocês como adultos, conhecedores dos seus direitos e deveres, que sabem discernir entre o certo e o errado, entre o bom e o ruim (pra você). Para mim, vocês sabem diferenciar o caro do barato, mas há quem não pense assim.

vector-of-a-cartoon-boring-No mundo da corrida, onde há tanto jabá e mimos direcionando a pauta, há quem reivindique o papel de defensor dos (óh!) corredores oprimidos. Eles se sentem como um ser protetor de nós que corremos, eles seriam depositários da justiça feita via blogs, sites, Twitter e revistas. Esses, acredite, existem aos montes. Alguns falam para meia dúzia, outros, para seus amigos. Mas na cabeça deles, eles precisam falar por vocês, seria uma espécie de obrigação moral.

Mas tenho pavor de quem se julga no direito de falar por mim. Sou adulto. Quando alguém assume esse papel por você, acredite, no fundo ele te acha um coitado sem voz e sem discernimento. Por exemplo? Recentemente ouvi de um que “apenas relatava um erro e dava voz aos que se sentiram prejudicados, ele dava voz a todos os lados”. Afirmo: ó coitado de nós se não dispuséssemos de tais protetores.

Mas conheço todos eles e garanto uma coisa: juntem os mesmos que fazem essas análises “técnicas” e “defensoria pública de eventos à distância” e não conseguirão organizar uma corrida em torno do quarteirão. Bateriam cabeça. É essa gente que quer te defender sem você pedir por isso.

Pra fechar, por que o título do post? Neste final de semana, iria rolar uma enorme Meia Maratona no Reino Unido. Por um problema de falta de água a prova foi cancelada antes de começar. Cerca de 5.000 corredores decidiram correr mesmo assim. Justo por isso, a população de Sheffield, em apoio, foi às ruas ajudar num abastecimento voluntário. É dessa gente que a corrida precisa, não de quem à distância, em outra cidade ou outro estado, dá palpite sobre aquilo que não sabe, não entende e não viu, mas ainda assim fala porque acha que você precisa e quer a iluminada análise deles.

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9 pensamentos sobre “De vizinhos britânicos e de papagaios brasileiros

  1. Antonio disse:

    SHOW!!!!!!!!!!!

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  2. Sobre o jabá, realmente é bastante jabá rolando nesse meio. já temos até “blogueiros profissionais jabazísticos”. Até alguns que eu considerava mais sérios me decepcionam mostrando os jabás que recebem das empresas de material esportivo, organizadores e provas e etc. Enfim, o jeito e não dar crédito a praticamente mais ninguém. Só pro Balu. 🙂

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    • Danilo Balu disse:

      hahaha espero que a frase final não tenha sido ironia… hahaha mas eu não falo de tênis aqui JUSTAMENTE porque sou pago pra falar bem de determinada marca. Mas o que tem de jornalista aí livre como um táxi, não está escrito…

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      • Se o sujeito recebe dinheiro ou tênis ou o que for de uma empresa tem obrigação ética de tornar isso público em seu blog/site/revista, o que for. Aí cada um dá ao autor a credibilidade que quiser. Alguns dos melhores blogueiros de corrida no exterior aceitam tênis mas quando públicam uma avaliação dizem com todas as letras que receberam o produto gratuitamente. O leitor que julgue se aquela resenha tem credibilidade.

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  3. Marcos disse:

    Opinião e decisão é coisa pessoal, ou deveria ser. Informação é fundamental, mas é mais fundamental saber ler a informação, buscar fontes divergentes, entender o interlocutor, escutar a si mesmo. Formar opinião e tomar decisão é um processo difícil, que infelizmente tem sido delegado por muita gente, como assumir responsabilidade também. Além disso, apesar de parecer contraditório, o negócio fica mais complexo quando temos um monte de gente dando opinião demais sobre o que der vontade e sem qualquer fundamento. É crise e doideira demais. Cada um fala e faz o que quer. É preciso saber o que é importante para si mesmo e para as pessoas que são importantes. Sabe-se que não existe a posição correta, mas se tiver respeito a coisa foi da forma que tinha que ser.
    Por fim, qual a pertinência desse meu comentário? De qualquer maneira, resolvi apresentar para postagem.

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  4. Eu também acho um porre os defensores dos pobres e oprimidos, mas acho que se alguém presenciou alguma situação que não tenha gostado em alguma prova ou que tenha escutado algum relato que o incomodou ele tem todo direito de postar isso no seu blog. Acho que essa semana o que está pegando a história do atendimento médico na G4 do Rio. Sinceramente acho que se esse é um bom assunto a ser debatido, não é para apontar o dedo na cara desse ou daquele organizador mas para entender o que devemos esperar da organização durante uma prova. Eu devo esperar ser atendida no lugar em que passar mal? Devo ir procurar ajuda? Devo ir procurar ajuda para alguém que estiver caído? Devo eu mesma prestar os primeiros socorros se tiver conhecimento para tanto? Alguns acontecimentos promovem discussões importantes e pertinentes. Acho que todo mundo que corre e acompanha blogs está interessado em ter uma experiência cada vez melhor com a corrida e com as provas de rua. Tem gente do mal que só quer achincalhar, tem. Mas tem muita gente bacana dando boas contribuições. Todo mundo tem o rabo preso de um jeito ou de outro, não existe opinião totalmente imparcial em um blog, o formato é um formato pessoal, nem tem a obrigação de ser imparcial não é jornalismo. E é bonito a população sair e dar água para os corredores, é..mas se eu paguei 100 reais na inscrição de uma prova eu quero água e atendimento médico, não tem essa de “vem no meu lugar pra ver como é difícil”, eu não vou mandar vc fazer meu trabalho que tem nada de fácil tb, portanto não tenho obrigação de fazer o seu. é bacana também admitir que alguma coisa deu errado, mas “estamos trabalhando para que não aconteça mais.”. Deu merda, deu…na próxima vez faz melhor.

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  5. Nelton Araujo disse:

    Engraçado como esse post, que tinha td pra ser uns dos mais comentados, tem raríssimos comentarios. Acho que muita gente vestiu a carapuça. Se não por si, pela sua “panela”.

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  6. Marcelo Hideki disse:

    Prefiro acreditar que quando alguém critica alguns itens na organização de uma corrida é com o objetivo de melhorar o evento,se a largada atrasa,se falta água nos postos de hidratação e coisas do tipo,melhor relatar do que fechar os olhos e fingir que não aconteceu.
    No final dos anos 90 a Contra-relógio era uma das poucas publicações que cobravam melhorias por parte dos organizadores,duvido que aquelas críticas tenham atrapalhado.

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